sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Fim

Sentado bem tranquilamente em minha poltrona, zapeando os canais da minha caixa mágica e esperando tranquilamente o fim do mundo.

Meu relógio, um descartável daqueles que trocam as pulseiras, está parado desde as vinte e três horas e trinta e dois minutos de hoje.

Acompanho atenciosamente todos os acontecimentos, desde a morte, por incineração de uma mariposa bem na minha frente até a queda de um gigantesco satélite de telecomunicações a alguns quilômetros de distância.

A tv ainda está funcionando, mas de vez em quando a imagem some e também de vez em quando aparece um reporter amalucado gritando alguma manchete de alto teor sensaciolista.

Raul já dizia pra parar o mundo que ele queria descer, e, ao contrário do meu ilústre ídolo, eu não quero decer. Sim, eu quero participar de tudo enquanto o controle estiver em minhas mãos.

De repente um grito estridente de dor entra pela janela e invade meus ouvidos, sou obrigado a sair no quintal para verificar uma mulher correndo desesperadamente em direção às grandes esferas de fogo que caem do céu. Uma mulher, duas, um homem, vários, algumas crianças, inúmeras.

Pego minha câmera e registro tudo, no modo automático para não perder tempo com regulagens e configurações, contrastes, balanços de branco, iluminação. Isso tudo me atrasaria.

Volto pra dentro de casa, sento novamente, ainda tenho algum tempo. Desligo a televisão, ligo o computador. A net ainda funciona? Sim, funciona e no facebook eu posto todo o fim do mundo!!