segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Hipocrisia mora ao lado

Tem um colega professor, da mesma disciplina,  que se sentiu envergonhado pelo fato de eu ter pintado FORA TEMER na avenida principal de Apucarana. Alguns outros também fizeram tal comentário infeliz.

A essas criaturas digo e reafirmo que faria tudo novamente, pois eu prefiro ficar com a opinião daqueles/as colegas que se orgulharam da minha atitude e me parabenizaram pela coragem.

Prefiro o brilho no olhar do meu filho adolescente cheio de orgulho do pai lutador que tem. Orgulho do pai que não se esconde atrás de posts do Facebook e muito menos em posições sociais que apenas escamoteiam a podridão do moralismo cristão decadente ocidental.

Pra aqueles que se sentiram envergonhados meu completo desprezo e pena por jamais serem quem realmente são por medo de desagradar a sociedade falida que os rodeiam.

Faria tudo novamente e sem medo de ser feliz.

A coragem não é ausência de medo e sim o controle de tal sentimento. Também tenho medo, mas jamais fugirei da luta. JAMAIS!!

Compareci ao fórum no dia 05 de dezembro pra prestar conta do meu ato a justiça, como todo cidadão tem que fazer. Minha atitude foi um protesto pacífico e sem nenhum prejuízo para a sociedade, ainda mais se analisarmos a conjuntura política e institucional do nosso país atualmente. O presidente golpista jamais poderia ter assumido a presidência do nosso país. Delatado pela odebrecht, milhões em propina, inúmeros políticos citados no esquema, mas a justiça brasileira prefere multar um ato pacífico de descontentamento e protesto a investigar, julgar, condenar e prender todos esses bandidos travestidos de políticos.

O consolo é que muitos amigos, aqueles/as que se orgulharam do que fiz, estão me ajudando a pagar a famigerada multa. Saibam que nao é pelo dinheiro, mas pelo gesto solidário de compreender o simbolismo do meu ato. A esses/as companheiros/as minha gratidão e reconhecimento.

Orgulho de ter vocês em minha vida.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Liminar de desocupação dos Colégios de Apucarana foi negada


DECISÃO

Vistos 

Trata-se de ação de reintegração de posse com pedido liminar ajuizada pelo Estado do Paraná contra xxxxxx xxxxxxx xxxxxxxxxxx, xxxxxx xxxxxx xxxxxxxxx e xxxxxxxxx xxxxxx xxxxxxxxx xxx e demais ocupantes dos imóveis descritos na inicial e na emenda do seq. 5.1. 

Alega o requerente, em síntese, que os requeridos e outras pessoas não nominadas invadiram escolas públicas de ensino fundamental e médio de sua responsabilidade nesta cidade de Apucarana. 

Requer a concessão de medida liminar de reintegração de posse. 

Juntou documentos. 

É a síntese do necessário. 

Fundamento e decido

Inicialmente, há se destacar que realizada audiência de conciliação nesta data, com a presença dos requeridos, do Membro do Ministério Público, do Procurador do Estado do Paraná, este acompanhado da Chefe do Núcleo Regional de Educação de Apucarana (Maria Onide Ballan Sardinha) e da Defensoria Pública. 

Na referida audiência, não se chegou a um acordo para a desocupação voluntária dos estabelecimentos educacionais ocupados neste Município, sendo informado pelos requeridos que será realizada assembleia geral no dia 26 de outubro na cidade de Curitiba, quando será discutido os rumos do movimento. 

No ato, os requeridos firmaram o compromisso de não ocupar determinadas dependências das escolas, não utilizar a merenda escolar ou o lei do programa “Leite da Criança”, além de manter os locais limpos e imunes a depredações, conforme se verifica do Termo de Audiência do movimento 40.

Pois bem. Considerando a conciliação infrutífera, passo a analisar o pedido liminar. O art. 1.210 do Código Civil dispõe que “o possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.” 

Se a força espoliativa for nova, isto é, de menos de ano e dia, a ação de reintegração de posse possuirá rito especial, nos termos do artigo 558 do Código de Processo Civil (CPC), o que lhe confere celeridade, consoante previsão dos artigos 560 e seguintes do mesmo estatuto processual. 

Neste sentir, o artigo 561 do CPC estipula que o autor deve provar: a sua posse; a turbação ou esbulho praticado pelo réu; a data da turbação ou esbulho; a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração. O art. 562 do CPC, por sua vez, determina que, estando em termos a petição e comprovados os requisitos nominados linhas acima, o juiz deferirá a liminar sem ouvir a parte contrária. 

Ainda que não totalmente preenchidos os requisitos antes elencados, a ação de reintegração de posse poderá tramitar sob o rito ordinário (caso o esbulho ou turbação sejam oriundos de mais de ano e dia). Neste caso, poderá ser deferida tutela antecipada de reintegração ou de manutenção de posse, caos preenchidos os requisitos da tutela de urgência. 

Tecidas estas considerações, analisando atentamente o caso dos autos e ponderando os direitos em conflito, forte nas provas até então colhidas, em juízo de cognição sumária próprio desta fase processual, conclui-se que os requeridos estão ocupando as dependências de colégios estaduais nominados na inicial e liderando outros movimentos de ocupação. Nesse sentido, o Estado do Paraná, sob o argumento de retomar o bem para si, afirma que tal ato está impedindo de exercer livremente a posse do bem, assim como tal ato está impedindo a retomada das aulas, o que enseja risco iminente de dano ao ensino dos alunos.

De outro lado, os estudantes requeridos, ao que se pode colher da audiência conciliatória realizada, reivindicam o direito de mobilização e de livre manifestação. 

Com efeito, conclui-se que há um aparente conflito entre o exercício do direito à educação e utilização dos prédios públicos ocupados, especialmente para a realização das aulas e o direito de livre manifestação, este ao argumento de que é utilizado para assegurar que o direito à educação seja plenamente exercido.

O art. 205 da Constituição da República prevê que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, devendo ser promovida pela sociedade, visando à formação plena do indivíduo como cidadão. Assim, compete ao Estado garantir a educação de forma plena, inclusive utilizando os meios necessários para que os locais destinados ao ensino estejam livres e desobstruídos. 

De outro lado, o direito à livre manifestação de pensamento e de associação, consubstanciado, no caso, em protesto pacífico diante de posturas alegadas como arbitrárias adotadas pelas autoridades é inerente a todo cidadão, nada impedindo que seja exercitado por meio da ocupação de um espaço público, notadamente o destinado ao desenvolvimento da cidadania das crianças e adolescentes, a ESCOLA, local destinado justamente a uma das lutas dos estudantes “invasores”: a melhoria das condições de ensino e a intocabilidade das verbas destinadas ao investimento necessário em educação.

Não se pode olvidar que a liberdade de expressão, consagrada no artigo 5º, incisos IV, VIII e IX da Constituição Federal, configura-se como condição indispensável à democracia, pois assegura a participação livre e igual no processo de discussão e tomada de decisões e também se presta à proteção das minorias que, sem poder livremente decidir ou expressar suas vontades, serão submetidas à decisão majoritária. Aqui, registre-se, não se esquece que a própria concepção de democracia sugere que a minoria se submeta a vontade da maioria. Todavia, esta minoria não pode ser tolhida no seu direito de livre manifestação. 

Não suficiente, conforme lição do constitucionalista Carlos Santigo Nino (NINO, Carlos Santiago. La constitucion de la democracia deliberativa. Barcelona: Gedisa, 1997, p. 259-260), os direitos tidos como essenciais à democracia são identificados como os direitos relativos à participação livre e igual no processo de discussão e tomada de decisões, à orientação da comunicação no sentido da justificação, à proteção das minorias isoladas e à proteção de um marco emocional apropriado para a argumentação. 

Também não se esquece que esta minoria pode estar obstruindo o direito de uma maioria (acesso às escolas ocupadas, ter ministradas as aulas,...). Aqui, frise-se, sabe-se que há muitos estudantes e pais que são contrários ao movimento. Porém, não se pode impedir que esta minoria se manifeste de forma ordeira, até para que se possa ouvir os seus reclamos e possibilitar que suas “vozes” sejam ouvidas, mesmo que, ao final, delibere-se por caminho oposto (prevalecimento da vontade da maioria).

Acerca de o movimento de ocupação ser pacífico ou não, acrescento que, encerrada a audiência de conciliação realizada, este Magistrado, acompanhado do Membro do Ministério Público e da representante da Defensoria Pública, realizou visitas in loco em dois dos estabelecimentos educacionais ocupados de onde haviam notícias de depredação e de utilização de alimentos destinados a merenda escolar e, ainda, com a presença de crianças, A realidade constatada nas visitas, contudo, foi bem diversa, na visão deste Magistrado. O que se verificou, isso sim, ao menos nos locais visitados (Colégio Estadual Osmar Guaracy Freire e Colégio Estadual Nilo Cairo), é que o movimento é organizado, não há sujeira acumulada, ao contrário os locais estão limpos, não foi constatado qualquer indício de depredação do patrimônio público, os locais onde estão guardados documentos (secretaria e arquivo) estão trancados e sem acesso aos alunos que ocupam as dependências escolares. Ainda, verificou-se que nas ocupações há pais de alunos, que a alimentação utilizada não é a da merenda escolar e que nos locais há divisão de tarefas, realização de atividades e que há controle de acesso. 

De tudo o que se apurou nos diálogos traçados, tanto em audiência como nas visitas realizadas, é que as ocupações possuem como fundamento a oposição à Medida Provisória (MP) n. 746/16 e à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n. 241/16. Segundo os estudantes, a MP e a PEC poderão ocasionar profundos impactos sobre o exercício do direito fundamental à educação. 

Ora, todos os brasileiros, mas principalmente os estudantes e os professores, são diretamente interessados em debater medidas adotadas pelos Poderes da República que influenciarão os rumos da educação no país. Neste contexto, concluo, em exame perfunctório, que o movimento de ocupação reveste-se de direito à livre manifestação, este garantido constitucionalmente. Afinal, o movimento visa a chamar a atenção da sociedade para as medidas que se pretende adotar e que podem afetar a educação. Pensar diferente é tolher o direito de livre manifestação. 

Em suma, há um conflito de direitos de igual jaez, sendo que tal conflito deve ser resolvido pela ponderação (princípio da proporcionalidade).

No caso em mesa, tenho que o direito a livre manifestação, mesmo que vindo de uma minoria, deve se sobrepor, pois é a espinha dorsal da própria democracia estabelecida com a Constituição da República de 1988, a Constituição Cidadã. Deve-se repelir qualquer tentativa de pura e simplesmente calar os membros da sociedade, notadamente adolescentes estudantes, que estão na fase de amadurecimento intelectual. 

Não fosse isso, há se destacar que uma ordem de desocupação não se mostra agora razoável. Isso porque, não haveria a desocupação voluntária e fatalmente seria necessário a utilização da força pública para os atos de reintegração de posse. E o que menos se deseja neste momento de grave crise institucional pelo qual o país atravessa, é a utilização de força policial para reprimir movimento de estudantes, principalmente se considerarmos que há adolescentes nos locais das ocupações, o que implicará em recrudescimento dos ânimos, resultará em violência, como já se viu em ocasiões anteriores, o que irá interditar a possibilidade de conciliação e a saída pacífica e voluntária. 

Importante se registrar que os estudantes ouvidos em audiência relataram que no dia 26 de outubro ocorrerá uma assembleia geral na cidade de Curitiba, sendo certo que é razoável se aguardar o desfecho das deliberações, de modo a franquear a possibilidade de uma composição.

Por derradeiro, convém realçar que este Magistrado é sabedor de que há muitos pais e alunos que não apoiam as invasões e que desejam que os locais sejam desocupados para que seja garantido o sagrado direito à educação e que não ocorram prejuízos no ano letivo, na realização do ENEM ou na obtenção de certificado de conclusão do ensino médio (passaporte para o ensino superior) advindos do movimento desencadeado pelos estudantes "paredistas". Entretanto, por ora, diante da colisão de direitos igualmente conferidos e protegidos pela Carta Maior da República brasileira, como supra examinado, há de se fazer valer o direito a livre manifestação.

Dito isto, não encontro razões que sejam proporcionais ou razoáveis para o deferimento da medida liminar pleiteada, embora seja certo o esbulho praticado. 

Isso posto, INDEFIRO o pedido liminar requerido.

Intimem-se os réus (já foram pessoalmente citados), pela Defensoria Pública, para que ofereçam contestação aos termos da presente ação, no prazo legal (artigo 564 combinado com o art. 186, ambos do CPC), cientes que ausente defesa serão presumidos verdadeiros os fatos alegados na inicial. 

Apresentada a contestação ou certificado o decurso do prazo, manifeste-se a parte autora no prazo legal, de acordo com o disposto nos artigos 350 e 351 combinado com o artigo 183, todos do Código de Processo Civil. 

Após, abra-se vista dos autos ao Ministério Público para que se manifeste como entender pertinente. 

Ato seguinte, intimem-se as partes e o Ministério Público para que, no prazo comum de 10 (dez) dias, manifestem-se sobre o interesse na produção de provas, especificando-as concretamente e indicando a relevância e a pertinência para o deslinde do feito. 

Por fim, façam conclusos. 

Intimações e diligências necessárias.

Datado e assinado digitalmente. 

Apucarana, 21 de Outubro de 2016. 

Rogério Tragibo de Campos 

Juiz de Direito



PROJUDI - Processo: 0012059-08.2016.8.16.0044 - Ref. mov. 43.1 - Assinado digitalmente por Rogerio Tragibo de Campos: 71080414991 21/10/2016: NÃO CONCEDIDA A MEDIDA LIMINAR. Arq: Decisão

Profissão professor/a! Será?

Eu estou espantado com a desumanidade de algumas pessoas da nossa categoria. E digo algumas por que tenho convicção que são exceções à regra. Essas poucas criaturas infelizes, mal amadas, mal resolvidas, frustradas, não conseguem desejar para o outro o bem que querem a si mesmos. 

É incrível como a maldade e a má fé impera nas ações e nas palavras dessas pessoas. As palavras, na boca infame desses seres, transformam-se em terríveis lâminas pontiagudas com o simples objetivo de ferir e magoar. 

Por que certas pessoas existem?

Difícil responder diante de tanta matéria putrefata que conseguem produzir através de suas famigeradas bocas. 

Jamais conseguirão superar a falta de capacidade e coragem de assumir determinadas posturas, com riscos individuais, em nome do bem comum e da coletividade. Nunca conseguirão entender o real sentido da palavra empatia. Jamais compreenderão que existem pessoas que lutam gratuitamente para que tenhamos um mundo e uma sociedade melhor. Nunca saberão qual é o gosto e o sabor de ter ido à luta, com outras/os, e conquistado, para o coletivo, algum direito.

É lamentável que tenhamos nos quadros do magistério pessoas como essas, que falam mal de alguém apenas por falar. Que falam com a certeza da impunidade e não temem sequer os castigos advindos da religiões que dizem professar. Que vomitam apenas pra ferir o outro num exercício puro e cristalino de desonestidade e maldade.

Tenho nojo desse tipo de pessoa, que inventa, que mente, que esconde, que omite, que se acovarda, que dissimula. 

O consolo, pequeno é verdade, é que essas pessoas jamais serão felizes. Jamais serão seres humanos realizados e completos. Ficarão sempre pelos cantos resmungando sua amargura e sua inveja. 

Sigamos na luta acreditando que é possível e que essas pessoas não nos impedirão. Elas vão latir raivosamente pelo caminho e nós seguiremos inexoravelmente rumo à nossa utopia.

Eis!!

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Quem paga o pato da PEC 241 é você!

Sim, o pato é você que lê esse texto. Você que acreditou que tudo melhoraria com a saída da “presidanta”, como muitos de vocês gostavam de chamar Dilma. Vocês, eles, nós, eu e todos
pagaremos a conta, pagaremos
o pato. Alguns de nós pagaremos revoltados e conscientes, mas muitos de nós pagará com o sorriso amarelo da ignorância na boca. Com aquele sorrisinho maroto de quem está sendo enganado, mas que não tem a menor ideia disso. 

A famigerada PEC do Teto de Gastos, tem o único objetivo de limitar, colocar freio na gastança (segundo alguns desavisados), nas despesas com saúde, educação e assistência social nos próximos 20 (VINTE)anos. Não se assustem meus queridos e queridas, é isso mesmo, vinte anos, uma geração, duas décadas, 1/5 de século de congelamento criminoso de investimentos nessas áreas citadas. 

Enfim, eis a discriminação na nota fiscal, falsificada, da conta do pato:

1. Gastos em saúde, educação e assistência social não poderão crescer acima da inflação;

2. Desvinculação dos investimentos em políticas públicas do orçamento;

3. Institucionalização de um ajuste fiscal que ignora a dinamicidade da economia e a prerrogativa do povo, através do parlamento, de discutir e aprovar o orçamento anuamente e engessa os investimento ao índice inflacionário anual;

4. Diminuição de investimentos em Saúde. Se essa PEC tivesse sido implantada em 2006 teria sido deixado de investir nessa ária a cifra de 290 bilhões, em apenas 10 anos;

5. Com o mesmo cálculo, a diferença na educação seria de 384 bilhões;

6. Na sequência teremos a alteração da Previdência Social. Mas não se preocupem, pois isso não os atingirá, afinal um pato que se preza possui uma plano de previdência privada;

7. Ainda nessa linha, na mesma lógica, haverá a mudanças na CLT, ou a famosa flexibilização das leis trabalhistas, por que no Brasil os trabalhadores tem muitos direitos. Onde á se viu fim de semana remunerado, férias, terço de férias, 13° salário e etc.

8. Jantar mega Power hiper plus super blaster turbo para 400 ilustres representantes do povo no palácio para acertar todos os detalhes da aprovação de um instrumento tão benéfico para você, pato;

9. O pacote de presente que ganhamos do governo golpista de Temer começa a valer já a partir de janeiro de 2017. Nesse ponto quero manifestar minha extrema alegria, afinal, presentes devem ser abertos instantaneamente;

10. A PEC impossibilita o aumento real de salários. Nada de reajustes acima da inflação;

11. A lei devera agir sobre as três esferas de poder, municipal, estadual e federal;

12. Extinção do PNE, aprovado há pouco, e suas 20 metas que foram amplamente discutidas com a sociedade para a melhoria na qualidade da educação brasileira. Aqui destacamos que os filhos dos patos batedores de panelas herdarão a desgraça, que vem acompanhada de pertinho da MP 746, que trata da reforma do ensino médio;

13. Se você e ou nós não estamos entre o 1% mais ricos do Brasil não temos motivo algum pra comemorar, pois esse presente é endereçado a nós. Nós, patos, que utilizamos as políticas públicas como saúde e educação. Nós é que precisamos de escolas e hospitais. Nós é que seremos atingidos em cheio enquanto a elite brasileira, a verdadeira elite e não aqueles assalariados que pensam que são burgueses, viaja para o exterior e consome sem nenhum pudor;

14. ...

As reticências foram de propósito, por que tem muito mais coisa pra ser colocado na conta pros patos pagarem. Pague e cale sua boca. Não pense, apenas trabalhe e faça um sacrifício pelo seu país. Não pense no que o país pode fazer por você e sim o contrário. 

O que está acontecendo neste momento no Brasil é tudo aquilo que você, pato, pediu com sua camisa amarela, com suas panelas e talheres e com todas as suas demonstrações de ódio contra a classe trabalhadora, que você inclusive faz parte. Colha feliz o fruto daquilo que você plantou com a alegria abestalhada de quem plantou vento e agora colhe tempestade. 

Tente dormir em paz sabendo do que fez ao Brasil, às crianças pobres, aos trabalhadores e trabalhadoras , aos estudantes, à periferia, aos pequenos municípios. 

Seja feliz. Mas adianto que essa conta terá que ser paga à vista, pois o seu cartão de crédito não possui limite pra bancar tamanha CONTA.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Retrocesso Nacional do Ensino Médio

Estávamos há alguns dias apreensivos com a possibilidade de que o governo golpista pudesse editar a medida provisória que trata da reforma do ensino médio brasileiro. Eis que, não de surpresa, fomos pegos num momento em que discuti-se uma disputa pelo modelo de estado, dentro de um conceito civilizatório. Nesse contexto, no bojo dessa disputa pela narrativa, surge, não inocentemente, as propostas de mudança que mudarão completamente os resultados alcançados nessa modalidade. 

E de quais resultados estamos falando? Dos altos índices de evasão, que foram uma das principais justificativas do MEC, que o ensino médio possuem? Por que a escola pública não tem apresentado índices satisfatórios nos diversos mecanismo de medição? Será que os investimentos na educação brasileira não tem dado o retorno necessário? De que retorno estamos falando? Que tipo de formação queremos? Que escola queremos? Que alunos/as queremos formar? Pra qual mundo e pra qual planeta? 

Enfim, são muitos questionamentos diante do fato que temos uma reforma que muda a face do atual ensino médio e que tem sido, desde já e sempre, pintado com cores muito alegres e festivas. Pra isso utilizando estratégia já conhecida desde o tempo da "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. A verdade é que a tal pitura está mais para "O Grito" de Edvard Munch numa ironia muito triste, já que a tal reforma exclui a disciplina de Arte.

De forma um tanto sintético e resumida vejamos a trajetória da nossa Lei de Diretrizes e Bases - LDB.  Temos a 4.024/1961, como resultado, mesmo que superficial, do debate sobre as necessidades de alunos/as e professores, que com o Golpe Militar teve uma alteração com a Lei 5.540/1968 objetivando a reforma do ensino superior. Na sequência para atender ao ensino primário e médio tivemos uma nova reformulação com a Lei 5.692/1971 que passou a ser chamado de 1º e 2º. Com algumas peripécias politicas, acordos e traições, mas algum debate, chegamos ao texto da lei que seria sancionado na sequência, a famosa, não a ideal, mas importantíssima, 9.394/1996.

Desculpem algum anacronismo e a extrema falta de paciência pra fazer uma pesquisa mais aprofundada sobre todo o processe de construção das leis que regeram e ainda regem a educação brasileira. Eis o resumo da obra. Posso dizer que, mesmo economizando palavras, de certa forma houve uma trajetória pra termos o que temos hoje. Mesmo ainda incompleto, mas penso que seja o melhor que tínhamos para o momento. 

Mas eis que surge no horizonte um governos golpista. E com governos golpista não se pode esperar muita coisa. Ainda mais com um governo que precisa desesperadamente diminuir o tamanho do estado para honrar suas dívidas com aqueles que financiaram o golpe. Nesse sentido eu faço mais uma pergunta: Pra que um ensino básico que oferte o mínimo de formação universal? Pra que? Não caros leitores, não é preciso, pois o mercado precisa apenas de idiotas úteis. Para o mercado de trabalho basta saber apertar alguns parafusos e nada mais.

Pois bem, pra não tornar este texto/desabafo mais chato e maçante do que já efetivamente é vamos às comparações pra que vocês, "ledores", tirem suas próprias conclusões.

Atualmente a LDB prevê uma carga horária de 800 horas e 200 dias letivos em contraponto as 1400 horas da proposta. À primeira vista parece que teremos um avanço, mas o que não está bem explicadinho é que haverá um ensino médio diurno que pode chegar a essa carga horária e um noturno que vai restringir o acesso dos jovens trabalhadores. Mais que isso, fala-se em ensino médio integral. Aí fica a pergunta, como o jovem trabalhador vai estudar o dia todo?

Hoje as disciplinas de Educação Física, Arte, Filosofia e Sociologia são obrigatórias. Na nova regra a inclusão dessas disciplinas será uma decisão "livre" dos estabelecimentos e redes de ensino. Me engana que eu gosto. Na configuração dessas grades será o maior prazer cortar essas disciplinas. E aí sim teremos uma escola de qualidade, afinal pra que serve todas essas porcarias aos nossos alunos. Pra que trabalhador precisa de Arte, pois não frequenta esses ambientes. Pra que filosofia, se já existem um monte de gente pensando por eles. Pra que sociologia se o seu destino está gravado desde o dia do seu nascimento e não vai mudar, é tudo assim mesmo!! Nem vou falar de Educação Física, pois a turma do andar de baixo precisa mesmo é aprender apertar parafusos e porcas.

A língua estrangeira moderna de opcional passa a ser "ofertada" obrigatoriamente a língua inglesa. Sim, Inglês. Esse belo idioma, falado pelos nossos mui digníssimos irmãos do norte e que tem tantos adeptos em terras tupiniquins.

Para ser professor hoje, o indivíduo precisa, obrigatoriamente, de um diploma de curso superior. Com a novidade alardeada pelo golpista e seus asseclas qualquer cidadão de notório saber pode ministrar as aulas. Isso mesmo companheirada, a MP fala em "notório saber". Só rindo mesmo. Pra que estudar então? Rasguem seus diplomas e procuremos alguma instituição que nos deem o tal do "notório saber".

Quer mais? Me cansei, não estou afim de escrever nem mais uma linha sobre assunto. Estou com o estômago embrulhado. Pasmo diante de tanto abuso. O debate não prosperou e aí o golpista resolve verticalizar. Como não se revoltar com uma merda desse tamanho? Grosso modo, teremos dois tipos de ensino médio. Um para os pobres, que encararão o esvaziamento da educação básica, num curso voltado exclusivamente para o mercado de trabalho. E outro para a classes dominantes, que terão dinheiro pra pagar aquelas escolas que manterão em seus currículos as disciplinas necessárias à manutenção e conservação dos seus privilégios. Responde aí seu ministro!! 

Fui. Chega por hoje. Basta. Não aguento mais. Preciso tentar dormir, pois amanhã, provavelmente teremos mais alguma surpresa do golpista temerário. 

Fontes: 
http://www.uesc.br/eventos/cicloshistoricos/anais/aliana_georgia_carvalho_cerqueira e 
http://appsindicato.org.br/index.php/reforma-no-ensino-medio-e-um-retrocesso/

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Fora Temer

Ao ler a matéria sobre a prisão de um homem de 42 anos em Apucarana, acusado de pichação confesso que me assustei um pouco. Não com a notícia em si, mas sim com a constatação, óbvia, de que passei da metade da vida (risos). 



Sim, eu pichei. Mas prefiro outro verbo para meu ato. Eu pintei. Pintei Fora Temer não como reprovação estritamente à sua figura pessoal, no mínimo desprezível. Pintei Fora Temer para simbolizar toda a minha indignação e revolta com um governo que não me representa. Um governo que fala em retiradas de direitos, há muito conquistados, como se troca de roupa ou bebe água.

Pichei Fora Temer na avenida principal de Apucarana em meu nome, em nome dos meus filhos, da minha família.

Pichei Fora Temer em nome dos meus amigos/as, colegas de trabalho, trabalhadores/as, alunos/as, juventudes, minorias, excluídos/as e aqueles/as à margem da sociedade.

Pichei Fora Temer por que não desejo pra nenhum trabalhador/a uma aposentadoria aos 65 ou 70 anos. Por que não acho justo mulheres e homens se aposentarem com a mesma idade. Não acho justo professoras e demais categorias perderem o direito à aposentadoria especial de 25 anos.

Pichei Fora Temer por que acredito que a classe trabalhadora não pode perder os direitos trabalhistas conquistados às duras penas. 13º salário, férias, descanso semanal remunerado, 44 horas semanais, licença maternidade e salário mínimo deixarão de ser garantias legais para obedecer as vontades e conveniências dos patrões.

Pichei Fora Temer por que defendo uma educação de qualidade e a não diminuição dos investimentos nessa importante área do serviço público.

Pichei Fora Temer por que defendo um Sistema Único de Saúde - SUS de qualidade, universal, inclusivo, para que a população, realmente necessitada, não precise recorrer aos mercenários da medicina.

Pichei Fora Temer por que entendo que a PEC 241 e a PLP 257 são altamente nocivas à população brasileira, pois vão representar o sucateamento do serviço público e consequentemente ampliar a falta de atendimento ao povo mais necessitado. Serão menos recursos para as escolas, precarização e privatização do SUS, salários congelados até 20 anos e proibição de concursos públicos.

Pichei Fora Temer por que na verdade o que querem é leiloar a preço de banana todo o patrimônio nacional. As empresas estatais, as que sobreviveram no governo FHC, serão liquidadas agora com o discurso fácil, e velho, da corrupção e da ineficiência. “Vender tudo o que puder” é a máxima deste governo golpista para na verdade entregar tudo de mão beijada para as multinacionais.

Pichei Fora Temer por que sou totalmente contrário à Lei da Mordaça que proíbe que os professores/as abordem em suas aulas sexualidade, gênero, religião e política num retorno inequívoco ao período militar, onde contrariar o poder instituído era terminantemente proibido.

Pichei Fora Temer por que entendo que a retirada da exclusividade da Petrobrás da exploração do pré-sal significará que o PNE não terá condições de ser implementado, já que os investimentos necessários para isso viriam do fundo social do pré-sal e dos royalties do pré-sal.

Pichei Fora Temer por que defendo uma educação básica universal com vistas à formação do cidadão e não essa proposta de reforma do ensino médio que retira esse caráter da escola pública, dando aos alunos uma formação esvaziada e voltada exclusivamente para o mercado de trabalho.

Pichei Fora Temer por que quero as políticas públicas para a inclusão de alunos/as da rede pública no ensino superior sejam mantidas e ampliadas. Enem, prouni, sisu, fies, ciência sem fronteiras devem continuar a proporcionar que os sonhos de nossa juventude tornem-se realidade.

Enfim, existem muitos motivos pra pichar Fora Temer. Esse ato foi apenas uma amostra da minha indignação pessoal. Não dá pra aceitar sermos enganados dessa forma. Não está nada bem e parece que as pessoas não estão conseguindo enxergar a realidade, o que prova que a propaganda nazi-fascista ainda é uma realidade. A classe trabalhadora segue cega, surda e muda. 

Não dá pra ficarmos de braços cruzados neste momento. Muitas vidas já se perderam pra termos o que temos. Muito sangue, suor e lágrimas pra agora deixarmos tudo ir por água abaixo. Precisamos nos levantar e dizer um não para os golpistas. 

Eu recebi muitas críticas pelo meu ato, muitas mesmo. Por eu ser membro da direção regional da APP-Sindicato, algumas pessoas acharam que eu não deveria ter feito. Por eu ser professor disseram que eu envergonhei a classe.

Por outro lado, recebi muito mais mensagens de apoio do que críticas. Desconhecidos/as, amigos/as, colegas, alunos/as, familiares, pessoas que compreenderam o real significado do meu gesto e são as opiniões dessas pessoas que me importam. São as opiniões desse grande número de pessoas que me fazem ter certeza que fiz o correto. São essas opiniões que me dão a certeza e a convicção de que faria tudo novamente se for preciso.

Peço desculpas, sinceras, a quem se decepcionou com minha atitude. Pra essas pessoas gostaria apenas de fazer um pedido diante de tudo o que está acontecendo no Brasil atualmente.

Indigne-se.


Termino este texto/desabafo com uma citação muito importante pra mim: 

“Que seria deste mundo sem militantes? Como seria a condição humana se não houvesse militantes? Não porque os militantes sejam perfeitos, porque tenham sempre a razão, porque sejam super homens e não se equivoquem. Não é isso. É que os militantes não vem para buscar o seu, vem entregar a alma por um punhado de sonhos. Ao fim e ao cabo, o progresso da condição humana depende fundamentalmente que exista gente que se sinta feliz em gastar sua vida ao serviço do progresso humano. Ser militante não é carregar uma cruz de sacrifício. É viver a glória interior de lutar pela liberdade em seu sentido transcendente”.

Josè Pepe Mujica

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Taça de vinho


oi, prazer
foi sim
bom te ver

depois o virtual
a dois
só nós
a sós

casa e encontro
abraço e cheiro
despedida
desespero

a distância que separa
a mesma que aproxima

escada e elevador
espera
calor

reencontro esperado
cronometrado
que horas são?
tempo de acordar

mais quilômetros
mais paisagens
menos pele e toque

mas eis que há carinho
um desejo reprimido
um sonho comprimido
dentro da taça de vinho

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Ao som de Hendrix


Agora acordado e ainda é cedo 
E eu entre esse par de cochas 
Um sexo safado de madrugada 
Chove e venta entre nós 


A luz apagada não impede visão 
É a solução inflamável pra imaginação 


E você toda gostosa a meu dispor 
Sem me impor, te como e me gozo 
Gozamos sem pudor e sem vergonha 


Deus, não olhe nosso ato pecador 
Perdoe mais um fato predador 
Feche seus olhos ou fique de costas 


Oh! Grande irmão desligue as câmeras 


Quero esporrar nessa boceta 
Quero arrancar os seus gemidos 
Prefiro assim, descarado, escancarado 
Arreganhado, apertado, aberta pra mim 


Assim, em várias posições vamos ao céu 
Sem véu, seu mel no céu da minha boca 
Lambendo seus lábios 
Chupando seu sexo ao som de Hendrix

terça-feira, 17 de maio de 2016

Pela DEMOCRACIA

Não sou contra o golpe por que sou cego, surdo e mudo para os mal feitos do atual governo. 
Não é só pelo programa Minha Casa Minha Vida. 
Não é só pelas inúmeras vagas universitárias criadas. 
Não é só pelo ENEM, PROUNI e SISU.
Não sou contra o golpe por que sou petista.
Não sou contra o golpe por que recebo benefício do governo federal. 
Não sou contra o golpe por que me escandalizei com as falas dos nossos deputados no dia 17/04. 
Não é só pela CULTURA que se esvai com a extinção do MinC. 
Não é apenas pelas cisternas construídas no nordeste. 
Não é apenas pelos direitos trabalhistas garantidos. 
Não é só pelo Luz para Todos. 
Não é só pelo PRONATEC. 
Não é só pela lei do Piso dos Professores e dos direitos das empregadas domésticas. 
Não é só pelo debate sobre as questões de gênero nas escolas. 
Não é só pela consciência da luta de classes. 
Não é apenas pela demarcação das terras das nações indígenas e dos remanescentes de quilombolas. 
Não é só pela livre organização dos estudantes e trabalhadores. 
Não é só pela paridade de gênero em todos os espaços da sociedade brasileira e inclusive na política. 
Não é apenas pelo respeito ao estado laico. 
Não é só pelo investimento do dinheiro do pré-sal em saúde e educação. 
Não é apenas pela taxação das grandes fortunas. 
Não é apenas pela reforma agrária, tão necessária à produção de alimentos, para que haja finalmente justiça no campo. 
Não é só pela desmilitarização da polícia. 
Não é apenas pela realização de uma constituinte exclusiva e soberana para alterar definitivamente, pra melhor, o nosso falido sistema político. 
Não é só pela extinção do senado federal. 
Não é só por que sou contra a corrupção representada por Temer e seus asseclas. 
Não é só por que não acredito que o Sérgio Moro represente de fato a caça aos corruptos. 
Não é só por que há 7 ministros indiciados na Operação Lava a Jato.
Não é apenas por que creio, cegamente, que a grande mídia no geral, e a globo no específico, manipula a opinião pública convenientemente. 

Não, senhoras e senhores. 

Não é só por esses motivos citados que sou contra o famigerado impeachment.

O motivo real é outro.

É só pela DEMOCRACIA!!

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Indigne-se

Não sei exatamente como iniciar esse texto, mas gostaria de falar sobre indignação. Mais especificamente, sobre a falta, a ausência de indignação. O Brasil, com a atual conjuntura política, vive um momento muito turbulento. Poderíamos enumerar muitos aspectos para ilustrar a nossa situação. Mas nos atenhamos à quebra total e despudorada da nossa já tão frágil e recente democracia, aos grandes riscos que isso significa e principalmente à promessa que se apresenta como alternativa para tirar o país do caos econômico em que se enfiou com os anos de desgoverno, segundo os golpistas e demais cúmplices travestidos de patriotas, do PT. Que alternativa é essa afinal? Temer e os sete anões de posse do documento norteador deste governo iniciam o que as esquerdas já apelidaram de muitas coisas. Ponte para o inferno, ponte para o passado, pinguela para o abismo, pinguela para a morte, enfim... os adjetivos são muitos na tentativa de demonstrar o quanto este documento é perigoso para a população brasileira, especificamente para a classe operária.
Não tenho a intenção de esgotar o tema, mas gostaria de contribuir com algumas reflexões sobre o perigo que nos ronda e que não tem conseguido despertar a indignação do povo. Olho para os meus companheiros de trabalho e não consigo enxergar neles a necessária indignação, aquela explosiva e revolucionária, capaz de colocá-los novamente nas ruas pra protestar pelos seus direitos, que estão prestes a serem destruídos.
Tentarei ser didático o suficiente pra que haja a compreensão dos poucos que lerão esse texto e não vou destrinchar o documento inteiro, me aterei apenas a alguns pontos mais cruciais para a nossa vida e que virão a galope com o governo golpista.

São eles:

1 - O fim da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e os Planos de Carreira
A direita brasileira vem a décadas combatendo a CLT e pregando aos quatro ventos que é preciso flexibilizar as leis do trabalho com o único objetivo, muitas vezes escamoteado, de que a CLT engessa a geração de empregos e as iniciativas empreendedoras. Na verdade esse discurso mal disfarça a sede e a fome da classe empresarial brasileira por maiores lucros e isso só se dá se sucatearmos as relações de trabalho ao acabarmos com as leis e dificultar a existência dos sindicatos. Esses empresários já berram há muitos anos sobre o negociado sobre o legislado. Na prática isso significa que as negociações coletivas sobreporão o teor das leis trabalhistas. Atualmente isso já é possível, a diferença é que a lei somente poderá ser desconsiderada se a negociação for mais vantajosa para a categoria em questão. Esse dispositivo deverá ser extinto com o fim da CLT. No caso da educação, nós teremos nosso plano de carreira destruído num curto espaço de tempo.

2. Previdência
Serei direto neste ponto. A proposta é que as mulheres se aposentem com 60 anos e os homens com 65 e também prevê o fim da indexação de todos os benefícios previdenciários com o salário mínimo. Oras, as aposentadorias, bem sabemos, que em muitos casos já não suprem todas as necessidades dos beneficiários, imaginem se os reajustes não forem pelo salário mínimo? Teríamos um achatamento desses valores que prejudicaria a qualidade de vida das pessoas.

3. Fim da política de valorização do salário mínimo
Nos últimos 10 anos com essa política tivemos um aumento real no salário mínimo de 76,5%. Esse índice foi de AUMENTO REAL, assim mesmo, em caixa alta, pois foi esse aumento real que proporcionou o aumento do consumo das pessoas, que significou na prática mais comida na mesa, mais conforto, mais inclusão. Afinal numa sociedade capitalista é de dinheiro que estamos falando. O fim dessa política compromete e fere de morte também os aposentados citados no item anterior.

4. Precarização da legislação ambiental
O Brasil tem em suas mãos uma das mais exuberantes naturezas do planeta. As leis ambientais atuais já são insuficientes para conter a ânsia por lucro dos nossos amados latifundiários do agronegócio. O atual código florestal, por exemplo, já é fruto do acordo conveniente do agronegócio com os políticos que eles financiam no congresso nacional. Essa mesma trupe de exploradores querem a flexibilização das leis bem como o sucateamento das instituições que fazem o pouco controle que temos das irregularidades cometidas por essa turma. Sem falar que quase todo o trabalho escravo, essa vergonha nacional, que ainda temos em nosso território é feito pelas mãos dos mesmos latifundiários que dominam uma grande fatia da política brasileira.

5. Fim das vinculações orçamentárias obrigatórias para saúde e educação
Atualmente no Brasil há um mínimo de investimento, estabelecido na legislação, para saúde e educação. Uma porcentagem do orçamento que deve financiar a saúde e a educação que significa que os entes federados (municípios, estados e união) são obrigados a gastar aquele dinheiro nessas duas áreas. O dinheiro carimbado, pra esse fim, deveria garantir a maior eficácia nos gastos e na maior qualidade dos serviços prestados ao cidadão. Mesmo com essa vinculação, com esse mínimo, o que vemos já é um desgoverno com a saúde e a educação. No caso da educação, especificamente, no estado do Paraná já temos e vivemos escândalos atrás de escândalos e notadamente agora por último a Operação Quadro Negro tem investigado desvios milionários na construção de novas escolas no Estado. Aí eu pergunto, e se retirássemos esse "carimbo", o que aconteceria? Os gestores, de modo geral alegam que o tal "carimbo" engessa a administração, mas essa esse suposto engessamento não tem impedido nossos honestos governantes de surrupiarem o dinheiro dos cidadãos.

6. Privatizações
Aqui temos um grande problema. Nos anos 1990 já tivemos uma péssima experiência nesse campo e, sinceramente, não gostaria de reviver. Naquele período entregamos valioso capital estatal à iniciativa privada a preço de banana, literalmente. As empresas estatais são financiadas pelo dinheiro público, do contribuinte integralmente. Essas empresas investem bilhões em pesquisa e desenvolvimento para tornarem-se de interesse estratégico de qualquer país sério e comprometido com o seu povo. FHC entregou tudo de bandeja para o capital internacional, com foco expressivo no caso da Vale do Rio Doce (esse era o nome à época) sob a justificativa de que o estado não tinha competência pra gerir tal empresa. Oras, o desastre de Mariana hà poucos meses é obra da competência da Vale (esse é o nome atual)? A Ponte para o Futuro de Temer prevê a privatização do que restou. Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Petrobrás e etc. A Petrobrás já vem sofrendo o mesmo processo de desmonte midiático sofrido pela Vale do Rio doce e é provável que já haja os possíveis compradores. Afinal, o golpe foi uma compra de porteiras fechadas não é mesmo?

Acho que 6 pontos já são mais que suficientes por hoje. Leiam, duvidem, investiguem, pesquise, busque informações mais aprofundadas sobre esses temas. Não fique repetindo feito idiota o que a grande mídia brasileira tem dito pra você acreditar. Entre no site do PMDB, aqui, baixe a Ponte para o Futuro, aqui, leia, releia e tire suas próprias conclusões. Mas faça um favor a sí mesmo: indigne-se, demonstre um pouco de insatisfação. A vida não é bela e é preciso lutar pra manter o que temos, conquistado a muito custo. Não é feio se arrepender e se for o caso arrependa-se de ter vestido a camisa da CBF e ido às ruas gritar "Fora Dilma". Ainda dá tempo de reverter, mas pra isso você precisará acordar do transe em que se encontra.

Indigne-se!!

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Golpe e Azar

O azar da nação brasileira não será concretizado numa sexta-feira 13. Qualquer acontecimento na próxima sexta-feira 13 será bem vindo perto do que estamos vivendo nos últimos dias, semanas e meses. O desfecho que se deu hoje às 06:34 da manhã não é ainda definitivo apenas por uma questão de tempo, mas também não é resultado de um processo de impedimento puro e simples, por acusação de crimes de responsabilidade da presidenta da república com os famigerados decretos presidenciais não autorizados pelo congresso. Há que se constatar que tivemos nesses últimos 14 anos apenas um lapso da hegemonia da direita brasileira, da elite nacional. Foram 502 anos da pior elite mundial no comando de um país. Uma gente que jamais admitiu e jamais admitirá que a classe operária brasileira alcance direitos que façam com que questionem os privilégios, de castas, estabelecido ao longo dos cinco séculos de dominação elitista. 

Não há azar maior no mundo que nascer em um país com uma elite dessa iguala. Nenhuma sexta-feira 13, por pior que ela seja, pode suplantar tal azar. Os políticos de plantão, que representam a nacão brasileira, são reflexo fiel de uma sociedade que aprendeu, ao longo do tempo, a ser medíocre, hipócrita, egoísta, demagoga, esnobe. A meritocracia é a alma dos negócios do nosso povo. Fez por merecer, merece, não fez, foda-se. Não há injustiça social, decorrente da estrita falta de oportunidade, que faça esses arautos da ética olhar para a base da pirâmide. Não existe meios de fazer essa turma entender que quando não há oportunidades iguais não pode haver mérito no esforço individual.

Um país que consegue, em pouco mais de 120 anos de república, viver raros espasmos democráticos, não pode ser levado a sério. A mídia estrangeira tem acertado em cheio nesse ponto. Nosso país vive de golpes, nossa frágil democracia é forjada e temperada a ferro frio de golpes. Em cada dia 15 de novembro comemoramos a proclamação da república que na verdade foi o primeiro golpe de estado brasileiro. Em 1930 mais um golpe de estado, quando o então presidente Washington Luiz foi deposto por militares, que na sequencia entregaram o poder a Getúlio Vargas. Em 1938 o Plano Cohen fez mais uma vez com que o Golpe entrasse em cena e então dá-se início ao Estado Novo, contando com o medo que o povo tinha do fantasma "comunista". Em 1954 o Golpe tem a cara e a voz do lacerdismo incendiando o país e o primeiro corpo de um presidente, democraticamente eleito, como resultado do golpismo. 10 anos depois, no afamado 31 de março de 1934, mais um Golpe, dessa vez resultaria em 21 anos de obscurantismo no Brasil, repressão, tortura e morte.

São muitos golpes. Em todos eles a história não perdoou aqueles que não tomaram o lado do povo. Em todos eles o povo foi o que mais sentiu e sofreu, pois ao final e ao cabo da festa, quem paga a conta é só o povo. Não vou nem citar o fato de que ao final da ditadura tivemos ainda uma lei de anistia que inocentou todos os torturadores do período, numa clara manifestação de golpe dentro do golpe, já que o Brasil é o único país que não puniu os criminosos do período. Em todos esses movimentos golpistas sempre tivemos o estrelato de uma burguesia faminta por privilégios e também a sanha do capital internacional em manter o nosso país sob controle.

Agora não é diferente. Dilma cometeu muitos erros em seu governo. Isto está bem claro pra todos nós. Mas será que se fosse homem teria sido deposto dessa forma? Não acredito. Eis o azar mais uma vez não é mesmo: nascer mulher numa sociedade altamente machista como a nossa. Azar que nada. Dilma é a única presidenta que não se acovardou e nem vai. Permanecerá de pé, honradamente, até o fim desse processo e, com certeza, entrará pra história pela coragem e altivez que só as mulheres podem ostentar quando são inocentes. Nossa primeira presidenta. 

Azar é dos pobres iludidos defendendo bandeiras que não são suas. Azar é dos pobres brasileiros que terão seus poucos direitos arrancados na mão grande. Azar é dos pobres, sempre é deles, conscientes ou não de seu papel, o azar é sempre deles em todo o processo golpista.

E o PMDB? O que dizer de um partido que nunca conseguiu ter um candidato a presidente com reais chances de se eleger, mas que já tem 3 presidentes emplacados na nossa triste república? Acho desnecessário comentar sobre o oportunismo e o golpismo deste partido e daqueles que dançam nesta ciranda!

Em um último desabafo, ainda sobre o azar, quero apontar meus dedos todos para o judiciário brasileiro. Quem faz o controle social dessa rapaziada de toga? Temos inúmeros casos de erros na ação do judiciário brasileiro ao longo da história e sabemos também qual é a origem desses dignos homens da justiça brasileira. Sabemos de onde vem e a quem servem. O judiciário brasileiro representa um muro inexpugnável e que jamais será alcançado pela classe trabalhadora. O que esperar de uma classe dessas? Nada além da omissão conveniente, aquela que trará o cumprimento de todos os seus desejos. 

Não acredito na reversão do quadro! Desculpem o realismo... Acredito na luta que faremos, no esforço monumental para a manutenção dos poucos direitos que conquistamos nesse arremedo de democracia que tivemos, mas Dilma não voltará a assumir suas funções no executivo nacional. Mais que isso, teremos um longo tempo pela frente pra emplacarmos novamente um presidente do campo da esquerda, e isso apenas se dará na falência do modelo que ora se apresenta, liderado pelo golpista Temer.

Para o azar da maioria e a "sorte" de poucos.

Que venham mais 500 anos!

domingo, 13 de março de 2016

Golpe

A história do Brasil está recheada de golpes. 

GOLPE quando os marechais derrubaram D. Pedro II com o discurso de que seriam a salvação para a pátria ainda em formação. GOLPE político-midiático, liderado por Lacerda, que culminou com o suposto suicído de Getúlio Vargas. GOLPE quando instauraram no Brasil um parlamentarismo para limitar os poderes de Jango. Sobre Jango há o mais deprimente dos GOLPES, quando os militares assumem um governo como se fossem, mais uma vez, os salvadores da pátria. GOLPE quando impediram JK de retornar nas eleições que deveriam acontecer em 1965 e anos mais tarde o assassinaram. 

Em todos esses GOLPES não há indícios da participação popular. Não há a participação das pessoas que de fato construíram nosso país. Em todos eles a história afirma que foram organizados conveniente pelas elites brasileiras, com a conivência conveniente das classes médias. A partir de 2013 temos visto um movimento muito perigoso no Brasil, um movimento já vivido em outros momentos e mais uma vez é percebido a mesma agitação que precede mais um GOLPE. 

Diante de todas as aberrações que hoje vi nas manifestações o que me resta é a preocupação, ainda mais quando vemos pessoas convictas de que estão fazendo a coisa certa. Algumas bandeiras levantadas nas manifestações de hoje até uma década atrás jamais teriam sido levantadas. Defender a volta da ditadura é inaceitável; ofender, ameaçar, romper com a democracia já tão maltratada em nosso país é simplesmente preocupante. Hoje foi um péssimo dia. Sinto-me péssimo e descrente dessa parcela da população que desconhece a história. 

Também sou contra a corrupção, óbvio, quem não é? Mas de qual corrupção estamos falando? Toda a corrupção ou só de um partido? De todos os políticos ou só de um? Impedimento da presidenta apenas por que estamos descontentes com sua administração? Nesse item, quero lembrar que também não estou contente com a administração da Dilma, e digo isso com tristeza, pois votei nela. Mas não há nada definitivamente que justifique legalmente a saída dela a não ser conveniências outras que apenas podemos supor. E pedir a saída da presidenta apenas por que não gostamos dela ou do jeito como ela conduz o país, pra mim é GOLPE. Querem que a justiça prenda LULA? Tudo bem, há acordo nisso também, desde que ele seja julgado e condenado com base em provas factuais e não em suposições imaginativas de uma mídia que também tem suas convicções. Mais que isso, que prendam Lula, Aécio, Alckmim, Richa, Cunha e todos os outros políticos brasileiros envolvidos em escândalos de corrupção. 

Que todos os brasileiros apoiem a operação Lava a Jato, mas também todas as outras operações da polícia federal que sequer são citadas nos jornalões do nosso país. Enfim, nossa democracia foi conquistada com muito sofrimento e dor e sangue para que agora mais um GOLPE seja dado e que nós, brasileiros, sejamos privados deste tão importante direito. Direito, inclusive, que permite que saiamos às ruas para protestar sobre quaisquer temas que acharmos relevantes. Eu, como professor de história, jamais achei que viveria um tempo como esse. Achei que ficaria apenas nos livros de história. Achei que tínhamos avançado tanto que seria impossível retroceder a tempos tão sombrios. Só achei, e agora aquilo que eu mais odeio na história do Brasil ressuscita diante dos meus olhos. 

GOLPE.