sábado, 14 de dezembro de 2013

De graça

Armem seus barracos
Estendam vossas esteiras
Abram todas as portas
Saiam às varandas
E vedes
Com seus próprios ouvidos
E corpos tesos, extensão
Ouçam as melodias
Vejam as poesias
Por centavos de ideias
Espalhados pelo som
Estraçalhados ao teor das palavras
Do poeta que as vende
De graça
Direto no coração

sábado, 9 de novembro de 2013

Tv, computador e cama

Às vezes falta eu te amo
em um ano um amo
amores proprietários
próprios de otários
falta te amo
pauta de amo
tu mandas amar
quem vai aceitar?
viver sem falar
amar sem poder
te ver sem beijar
sentir sem te ver
mas quanta bobagem
por essas paragens
noites curitibanas
tv, computador e cama
sozinho, longe de quem ama!!

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Sossega e espera

sossega que o tempo chega
espera que o temporal
esmera no que aconchega
deseja o que te espera
tempera o que te faz mal
maldiz todo aprendiz
repreenda o que é feliz
e fale o que é teu
pois tu serás o que és
verás que não poderás
chorar a saudade alheia
serás tarde pra ontem
tarde pra hoje
lar de memórias
pequenas histórias
contadas assim
ao acaso, um caso
descaso que um dia
causou sem querer
por querer não quis
o que devias desejar
então sossega
e espera
que tua vez 
te espera...

terça-feira, 3 de setembro de 2013

De cara pro vento

Dia 04 de setembro...
De ontem nem me lembro
Que venha o outubro
E que chegue dezembro.

O passado passou
O resto é o que ficou
Viveu quem arriscou
Morreu quem não pecou.

Os riscos são melhores
Se escolhemos os piores
Os erros são as dores
Daqueles loucos amores.

Sem algum arrependimento
Choro ou constrangimento
Sigo bem nesse momento
Sempre de cara pro vento!!

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

30 de agosto. Questão de consciência!

Sou professor há pouco tempo. Me formei em história. Acho que ainda estou longe de ser um bom professor, mas tenho consciência disso, e não negando isso busco aprender a ser o profissional que preciso e quero ser. 
Comecei a trabalhar em escolar em 1993, como técnico administrativo. Trabalhei inicialmente em uma escola pequena, de interior, depois me transferi para Curitiba, onde trabalhei na SEED e depois no Colégio Estadual do Paraná. 
No ano de 2000 eu encerrei o famigerado contrato do paranáeducação, já tendo passado pela igualmente famigerada ADEJA. Rodei sem rumo por uns anos pra descobrir que o meu lance era escola mesmo, não sabia fazer outra coisa. 
Voltei pra a rede pública no início de 2006, após ser aprovado no concurso de 2005 para Agente Educacional II. Nessa função, mais especificamente como auxiliar de biblioteca, eu fiquei até no ano passado, quando eu ainda estava com 60 horas no colégio, por conta de ter acumulado a carga horária do administrativo com as 20 horas do magistério, assumido após aprovação no concurso de 2007.
Neste ano de 2013, meio forçado, mas conveniente pra mim, eu optei apenas pelo cargo de professor e cá estou escrevendo esse texto. 
Bom, quando fui exonerado do cargo de agente educacional eu já havia garantido todas as promoções possíveis como curso superior e pró-funcionário. A carreira bem encaminhada, a questão financeira razoavelmente resolvida e uma vida pacata numa pequena cidade de interior, com um custo/qualidade de vida admirável e invejável para um cidadão com a minha origem social. 
Mas já não bastava, eu precisava de mais. Há alguns anos eu já vinha participando das atividades da APP e a minha participação somente se qualificaria se eu desse um passo adiante. E dei esse passo. 
O curso de graduação proporcionou a compreensão que eu não tinha sobre a luta de classes, capitalismo, comunismo, direita e esquerda, ideologia, enfim, deu-me um ferramental básico para entender minimamente como funciona a nossa sociedade. 
Porém, foi o sindicato que deu a sintonia fina na minha formação e tem dado ainda. As atividades, as formações, assembleias, conferências, seminários e principalmente a conversa direta com quem já faz militância há bastante tempo e que tem muito a nos ensinar. 
Eu tenho tentado aprender o mais que posso com esses ilustres professores. Entre eles, o ator principal desse video, que coincidentemente também é professor de história. 
Todo esse texto enjoativo e repetitivo para dizer que nada que temos atualmente como professoras/es foi nos dado gratuitamente. Houve muita batalha, guerra, sangue, negociação, recuos, avanços. Negar toda a trajetória da categoria das/os professoras/es é negar que vivamos em sociedade e que todos os direitos que temos hoje foram conquistados por uma sociedade organizada. 
Muitas/os professoras/es novatas/os , outras/os nem tão novatas/os assim, se negam a enxergar essa verdade. Tudo bem, é direito de cada uma/o não ser sindicalizada/o, nem querer participar das atividades do sindicato, mas negar a história da humanidade é muita falta de informação, pra não adjetivar de outra forma. 
Esse dia 30 de agosto será grande. Mesmo não tendo vivido aquele de 1988 eu sei, porque aprendi, dar os créditos àquelas pessoas que lutaram, não apenas naquela data, por tudo o que temos hoje. 
As/os professoras/es que assumiram após 2003 não sabem o que é não eleger os diretores de suas escolas. Não sabem o que é e o que significa pra saúde e pro moral trabalhar 40 horas semanais estritamente em sala de aula. Essas/es professoras/es desconhecem o que é trabalhar sem ter um plano de carreira que garanta promoção e progressão através de uma tabela salarial. 
As/os funcionárias/os mais novas/os também desconhecem o que é trabalhar com um contrato precário, a exemplo dos que eu já citei anteriormente, pois já gozam dos resultados de luta alheia por concursos públicos. E mais, há funcionárias/os que ignoram que antes de 2008 não havia plano de carreira para esses profissionais da educação.
Todas/os as/os profissionais da educação, especificamente os novatos, não sabem o que é trabalhar sem a garantia de ter ao menos a reposição da inflação do período. Alguns ainda tentam esquecer, convenientemente, que estamos numa batalha de anos para garantir a equiparação salarial com os agentes profissionais do estado. Enfim, foram muitas as conquistas, avançamos demais, apesar de ainda não ser suficiente, mas negar isso é falta de conhecimento, ética e consciência de categoria e de classe.
Que esse 30 de agosto sirva para avançarmos naquilo que hoje eu considero de suma importância, que é a construção da consciência coletiva de nossa classe, das/os professoras/es. Essa é a maior pauta dentre todas as outras que aí estão e que são muito importantes também. É o que eu espero dessa mobilização e é por esse motivo que trabalho duro e me dedico ao sindicato e à categoria, pra que eu possa dar minha pequena contribuição a exemplo daqueles que vieram antes de mim.

A essas/es bravas/os guerreiras/os meus sinceros agradecimentos. De minha parte seguirei aprendendo com quem sabe, pois quem luta faz acontecer!!



terça-feira, 20 de agosto de 2013

A Flor

Agarrada ao rochedo, ao sabor do vento, de frente para o sol da manhã, lá estava ela. Uma flor como nunca havia visto antes. Linda, livre e sorrindo pra mim o tempo todo. Eu de passagem, perdido em outros mundos, nos meus próprios mundos, quase não a percebi. Queria não ter percebido. Quando a vi, naquela ranhura da pedra, sobre um gigantesco abismo, o primeiro pensamento que veio à mente foi tirá-la de lá, o mais rápido possível. Uma flor como aquela deveria ser minha e eu a desejei desde o primeiro instante. Eu correria todos os riscos para alcançá-la, pra tê-la só pra mim. Primeiro eu apenas observei, contemplando admirado toda a sua beleza. E era uma beleza exótica, ao mesmo tempo que ela sorria ao sol, parecia entristecer por estar ali tão sozinha, ela e sua pedra. Eu a quis. Acho que não compreendi muito bem o que aquela pequena flor estava me dizendo e me arrisquei no abismo para alcançá-la. Estiquei meus braços, pulsos e mãos. Fiquei na ponta dos pés. Me agarrei também em qualquer coisa que pudesse me dar segurança para arrancá-la de lá. Fiz muita força e esforço e quase caí. Quase morri. Teria colocado tudo a perder se tivesse insistido. Todos os mundos que habitam minha cabeça ruiriam, viriam a baixo. Num último esforço desesperado aquela florzinha conseguiu me explicar tudo. Ela não queria sair de lá, ela era feliz ali. Se eu tentasse provavelmente eu conseguiria arrancá-la de lá, mas apenas para deixá-la morrer presa a um vaso numa varanda qualquer. Sem o vento dos dias frios, sem o nascer e o pôr-do-sol ela morreria também. Compreendi isso. Isso ficou muito claro pra mim e me afastei. Olhei pra ela uma última vez e me despedi, insatisfeito confesso, mas com a plena certeza e felicidade de guardá-la em minhas mais profundas memórias. A flor que nunca vi antes, que me fez quase arriscar minha vida, ensinou-me mais uma lição. E como estamos sempre aprendendo, salve a flor. Salve a minha flor, que jamais esquecerei!

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Facechuva

Nesses dias de chuva
Saio sem bolsos e sem risos
Nos sapatos furados com restos de chão
Um chapéu, um véu

No céu todas aquelas nuvens
Na mão todos os dedos
Entre a pele e o pelo
Uma grande ferida

Entre a seda e hoje cedo
Mais um pouco de leite
Um doce de leite
Agridoce deleite

Abre a janela e vem brilhar
Seus olhos podem ver mais
O dia de chuva é só hoje
E o café ainda está quente

Entre a pele e a mente
Ainda há quem minta
Ainda há quem sinta
E ninguém vai roubar o mel

Não há como não se sujar
Na lama fétida dos seus quintais
Mácula que mancha os alvos lábios
A beijar na rua a pálida face

sábado, 22 de junho de 2013

Manifesto



A sociedade apucaranense vêm a público por meio desse manifesto informar que os pontos elencados abaixo farão parte da nossa principal pauta de reivindicação local. As manifestações que hoje tomam conta do país são retrato de um grande descontentamento da sociedade com os direcionamentos tomados pelas autoridades brasileiras, estaduais e municipais. Nesse sentido, nós não poderíamos fugir dessa responsabilidade que é contribuir para a mudança de nossa realidade. Os itens abaixo estão longe de cumprir a totalidade de nossas reivindicações, mas expressam a pauta mínima local que somada às outras, de aspecto mais geral, são sinônimos de toda a nossa indignação diante dos mandos e desmandos de nossas autoridades. Assim, esclarecemos que nossa manifestação é pacífica e ordeira com o único objetivo de mostrar para o nosso governo e para toda a sociedade que estamos atentos e antenados com os acontecimentos em todo o Brasil. Afirmamos que as manifestações só se encerrarão quando tivermos algum apontamento de negociação para a busca de uma solução coletiva para essas reivindicações. Não aceitaremos intimidação, pressão ou violência. Esses atos serão revidados com flores e poemas, mas também com mais e mais críticas e revolta. Convidamos toda a sociedade para que se levantem e engrossem nossas fileiras para um gesto nobre de defesa da nossa própria comunidade.

As reivindicações são as seguintes:

1 – Cassação definitiva do Alcides Ramos. Nenhum político condenado e envolvido em corrupção deve ter o direito de voltar para a câmara municipal. A sociedade apucaranense não pode aceitar passivamente a impunidade servindo de exemplo para a nossa juventude. Somos contra todos políticos que usam dos recursos públicos para beneficiamento próprio ou de velhos amigos e por isso defendemos que todos os gastos dos políticos sempre estejam aberto e de acesso fácil para qualquer cidadão brasileiro através de ferramenta online a ser criada pelo poder público.

2- Apresentação de um plano exequível, com prazos e valores, para solucionar situação precária dos CMEIS de Apucarana, com a superlotação e a falta de estrutura física para atendimento das nossas crianças com qualidade. Oferecer transporte gratuíto para as crianças que necessitarem se locomover para essas escolas.

3- Aparelhamento e efetivação definitiva do Hospital do Coração: de forma imediata, e abertura de uma CPI para esclarecimento e possível punição, se for o caso, do porque o hospital não estar aberto até hoje, abertura de todas as contas gastas no projeto, assim como contratação de mais Médicos para um atendimento rápido e eficiente da população.

4 – Revisão dos contratos celebrados entre a prefeitura e a iniciativa privada, para que estes se enquadrem no princípio da transparência e do controle social. Para isso deverá ser criado um Fórum Municipal de Controle Social com participação paritária da sociedade, de caráter fiscalizador de tais contratos.

5 - Rediscussão sobre o ensino integral em Apucarana tendo em vista a qualidade do ensino ofertado nessa modalidade à partir do foco pedagógico.

6- Melhoria no atendimento do UPA e dos postos de saúde de todos os bairros. Melhoramento da estrutura assim como a contratação de novos profissionais, via concurso público. Diminuição dos cargos comissionados, e abertura de concursos.

7 - Plano para recape asfáltico das ruas de Apucarana, com cronograma detalhado de início e fim das obras, com prioridade total para as vias em pior estado de conservação de todas os bairros da cidade.

Diante das reivindicações apresentadas esperamos que nossas autoridades políticas compreendam que somos o povo lutando pelo povo e ao compreenderem nossos objetivos entendam também que são tão povo quanto nós e que só são autoridades nesse momento porque permitimos num processo eleitoral de escolha democrática e é com esse espírito democrático que estamos reunidos para lutar por essas e muitas outras causas que surgirão. Esperamos, com esse ato, demonstrar que não mais nos enganarão. Não aceitaremos migalhas. Não aceitaremos menos do que exigimos.




Somos tod@s Apucarana

Tod@s somos Brasileiros

quarta-feira, 12 de junho de 2013

De perdição

Me perdi nos seios seus
me senti o mais de todos
de todo o mundo
e assim te esperei
o tempo todo
chegara agora
e em boa hora
foste embora
bem na hora
que o amor
aquele velho nosso conhecido
se aproximava
enquanto chegava
tu se afastava
não falava
mas ia, ia, ia
foi sem mim e
não voltou assim
que bom que também
fechaste a porta
e todas as janelas
uma última espiadela
na fresta da cortina
você me deixou
parado no portão do inferno
olhando pro nada
e o amor... ah
esse nem sei mais quem é
nem de onde vem
o que importa mesmo
é que um dia
me perdi no doce dos seus seios!!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Fotografia

Não sei porque as fotografias estão todas amareladas de poeira.
Todas amareladas de água suja que escorria pela sarjeta.
Amarelas com os raios dos sóis que um dia desenhamos em folhas de papel.
Mas as fotos são minhas e todos os objetos nelas são meus.
Envelhecidos de tempos que passaram no tempo do disparo.
Eternizados com todos os tempos que amarelam coisas.
Os prédios, as moças todas, as ruas e as flores de plástico.
As lápides, as frases, as velas e todas as angústias das lágrimas.
Estampam as imagens que hoje vieram a mim, só a mim.
E mais ninguém poderá tomar o que é meu.
Eu pintei com as cores dos meus olhos e mente.
Poeira fina, bem fina ofuscando a luz.
Peneira que filtra as verdades por trás da câmera.
Afinal, quem constrói todas as ideias que se tornarão imagens?
Deixe que as fotos se envelheçam no amarelar dos tempos.
Mas, apesar dos ventos, não se deixe levar pela suave canção do envelhecimento.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Minha poesia


A minha poesia é dia
A linha que alinha
É advinha a magia
Fazia poesia
Tremia e gemia
Mas ainda era dia
A minha poesia era noite
De chuva
De lua bem cheia
Redonda e amarela
Aninha-se no colo
Alia-se e num beijo
Esconde-se
A minha poesia era
Apenas espera
De pena, de dó
Ela só era
Era só dela
O cheiro da flor
O meu coração
Meu pequeno amor!

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O caroço

Eu não quero sol

não, não quero sol

Não quero também descansar

quero ver o tempo passar.

Quero mais do que o dia

não quero um bom livro

nem cama nesse friozinho.

Eu quero muito café com bolacha

água e sal com requeijão

quero mais que margarina no pão

Eu quero olhar pela janela

sentir o vento que vem de lá

e que balança a cabeleira.

Queria ver a dança

queria ser a lança

queria ser mais moço

Queria ser o poço

Mas sou apenas

o que sobrou do fruto,

o caroço.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Elevador

Coisas muito estranhas podem acontecer dentro de um elevador. Tome muito cuidado ao utilizar. É preciso verificar primeiro se ele de fato está no andar desejado. Se estiver, entre, mas tenha cuidado ao apertar aqueles botões, pois eles podem te levar para lugares indesejados se você errar. Jamais deixe de apertá-los, mas só faça se tiver certeza absoluta. Caso o elevador parar em algum lugar que não o seu destino, nunca coloque sua cabeça ou mão para fora. Se fizer essa loucura olhe rapidamente e volte à posição inicial, já que o risco de ver algum estranho é muito grande e provavelmente essa pessoa tentará contato. Se isso acontecer finja que tudo está bem e que o dia está lindo lá fora. Um sorriso amarelo, daqueles famosos muito utilizados após alguma involuntária flatulência, ajuda e pode desviar a atenção do estranho aos botões já citados. Se a pessoa que invadiu seu espaço insistir em interagir, o mantenha sob seu controle até que a porta se abra e despeça-se imediatamente. Mas não se preocupe muito, o elevador pode ser seu amigo se você o tratar bem. Pode acontecer coisas muito estranhas, mas muito legais lá dentro. Quando se está sozinho lá dentro você tem longos e intermináveis segundos de um andar para outro pra refletir sobre várias coisas. Quando o elevador está lotado você tem os mesmos longos e intermináveis segundos de um andar para outro para reparar, medir, comparar, notar, inventariar, contar as pessoas que te espremem contra a parede do elevador. Não se desespere pois o elevador é muito importante em sua vida e você provavelmente ainda vai desejar ter um em sua casa ou o mais próximo possível. Uma boa alternativa ao elevador é a escada rolante, que é o assunto para o próximo post.