segunda-feira, 19 de maio de 2008

Rês

Queres vós que nós, humildes teus servos, façamos tal coisa, que com a certa certeza que temos, irá de ser contrário aos instintos que são nossos em querer continuar querendo sobreviver. Quando estás aqui não somos ninguém que possa falar ou fazer, pois a ti temos que prestar homenagens e obediência. Agora, pede-nos que entreguemo-nos de corpo e alma à causa vossa, sem ao menos compreendermos o que disse vós, a nós. Agora, também, mais do que ontem, queres que lutemos em vossas guerras, santas por justas causas, como quem não tem amores a dar satisfação. Desse modo maneira, continuas a purificar sua própria essência para que não possamos jamais comparar-nos a vós, vocês. Não acreditamos totalmente nas palavras fraternais que de sua boca saem, pois quando abres vossa bocarra, mostras vossos dentes, e estes, são de fera que tem fome. Mesmo assim, apesar do medo que às vezes contorna-nos, seguimos em frente, direto e reto. Fazendo o que temos que fazer somente torna-nos a cada dia mais homens individuais e menos coletivos, para sobrevivência vossa. Nós e vós, sempre juntos, mas sempre distantes, porém, como sempre, no tudo há que se obedecer à regras que não nos permitem deixar de obedecer. Escravos teus por todo sempre. Tu nos permites viver com tudo aquilo que é suficientemente pouco. Por muito que fazes vós, parece-nos muito mais ainda. Que felicidade, termos vós em nossa útil vida de servidão, onde somos, com alegria verdadeira, o chão onde pisas e pisarás, o sangue que corre em vossas veias. Sem reclamações prestamos todas as homenagens, e de todas elas, vós sois digno. E nós indignos. Todos os agradecimentos e presentes são insignificantes perante vós. Nossas comemorações constantes são para festejar vossa ilustre existência e sem ela não seríamos nós mesmos. Vós ordenastes que fôssemos todos cegos e cegamente obedecemos. Vós impusestes a nós a vontade que fôssemos todos surdos, e não mais escutamos. Vós quisestes que não mais víssemos e então nunca mais enxergamos. Vós, finalmente, ordenastes que pra todo o sempre permanecêssemos calados e assim o fizemos. Seguimos assim, inexoravelmente, nessa vida nossa de rês, rumo ao fim, para a glória eterna vossa.


SILVA, Edmilson R. Textos Sobre Assuntos Aleatórios, Mas Sem Importância Alguma. Edição Única. Kaloré: Liberdade, 2008.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Sis t'ema

Olha amor, não posso mais ficar preso às suas correntes. Eu te amo e sei que vou sofrer longe de você, sofrer demais, porém a dor que vou sentir não me faz desistir de desistir de você. Por que você nunca me amou, você apenas me usou e tenho certeza que ainda vai continuar usando, se eu resolver ficar, assim como fez com todos os outro antes de mim e depois também com certeza fará. Não aguento mais beber coca-cola, mesmo sem querer, só porque você me obriga, isso não pode ser amor. Não posso mais permanecer desejando poder desejar que qualquer coisa esteja aos meus pés, ao meu alcance, somente por que você me diz que eu posso e que eu tenho direito de desejar o que quiser. Não suporto nem mais um minuto olhar pra todas as coisas que você gosta expostas nas tantas vitrines por aí. Detesto todos os feriados prolongados e comemorativos, justamente por estar enojado desses teus anseios exagerados em gastar mais do eu ganho. Enfim, isso não pode ser amor. Isso, obrigatoriamente tem que ser ódio. E pra me livrar de você eu prefiro morrer, mas antes disso quero te fazer um pedido: Por favor não chores no meu velório. Você deve sorrir, aliás, você vai sorrir, pois você terá muitos motivos pra isso, afinal, com certeza, meu caixão será do melhor que o dinheiro pode comprar, repleto de lindas, perfumadas e caras flores.

SILVA, Edmilson R. Textos Sobre Assuntos Aleatórios, Mas Sem Importância Alguma. Edição Única. Kaloré: Liberdade, 2008.

Blá, blá, blá caminhandante

Ele não tinha jeito não de que iria parar mais não. Andava andava parava nunca não. A estradona olhava ele lá longe o fim não tinha. Era muito larga também e ele podia bem aqui andar ou ali e de um lado pro outro sempre atravessava. Mudava muito de idéia e ideiando sempre trocava de lado. Do lado de cá da estradona comprida tinha poca sombra, poca árvore, mas muito tinha comida, poso e sede nem passava. Do lado de lá tudo do contrário era bastante. Tinha poso muito também, mas era debaixo das grandes grandalhonas árvores que lá tinham. Comida poca e do lado de lá a caminhada era difícil muito mais. Vivia então ele atravessando a estradona buscando o que tinha do outro lado. Assim, dessa maneira fazendo poco andava, parava quase. A travessia muito perigosa ficava a cada passo em frente que dava. Havia perigos muito perigosos que podiam por fim à jornada sua. Mas ele perseverava bastante. Prosseguir preciso fosse qualquer sacrifício e ele fazia isso, mesmo tendo que arriscar a vida dele...

SILVA, Edmilson R. Textos Sobre Assuntos Aleatórios, Mas Sem Importância Alguma. Edição Única. Kaloré: Liberdade, 2008.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Blá, blá, blá artístico

A arte é para o homem o que o homem talvez seja para deus. Mas somente talvez. A arte como expressão da criatividade talvez não conserve em si tal significado. A arte como beleza. A arte como diverso. A arte como aquilo que pode despertar nos homens sentimentos com infinitas possibilidades. O homem cria, artes e manhas. O homem é a arte que cria não como propósito primeiro de mostrar pra quem quer que seja aquilo que criou, mas sim pra interpretar a si mesmo, com objetivo de entender quais são os propósitos de tudo e todos que o rodeia. O homem cria... recria, copia e transforma, etc. Recria o que foi transformado em algo que já não tinha sentido de ser nomeado como arte. As cópias também são arte. Talvez tudo seja cópia de alguma coisa. De onde os grandes artistas tiraram suas obras primas senão dos originais guardados em suas mentes, mesmo que em frações de segundos de inspiração, naqueles momentos que, talvez por loucura ou por extrema exatidão de sentidos tiveram a lucidez de contribuírem com a humanidade com seus legados, sejam eles escritos, musicados, inventados, pintados? Mas sempre cópias do que já existia dentro de si mesmos...

SILVA, Edmilson R. Textos Sobre Assuntos Aleatórios, Mas Sem Importância Alguma. Edição Única. Kaloré: Liberdade, 2008.

Blá, blá, blá musical

Canções pairando no ar, trazendo consigo uma sensação de liberdade de sentidos experimentada gradativamente diante das notas. As notas que temos e damos ao que escutamos simplesmente poderiam provocar uma explosão de sinônimos insignificantes. O amor falado nas canções pode ser verdadeiro, mas os sentidos podem nos enganar. As tristezas encontradas em grandes quantidades nas belas e melancólicas melodias podem entregar, a quem as ouve, tudo aquilo que elas menos desejam. Porque ouvimos involuntariamente qualquer coisa que possa nos interessar ou que definitivamente satisfaça nossa curiosidade inconsciente. Os sons encontrados no cotidiano são barulhos ensudercedores quando gostaríamos de viver no silencio. O silencio do escuro. Mas o silêncio, além do escuro, não existe. A vida é feita de sons, música, barulho. Notas musicais que se transformam em melodiosas canções juntamente com todos os outros tipos de ruídos, uns fabricados por nós mesmos, outros naturalmente criados, contribuem para que a loucura do silêncio possa tornar-se utópica. Loucura capaz de elucidar mistérios escondidos nos mais profundos silêncios das mais intrigantes personalidades humanas...

SILVA, Edmilson R. Textos Sobre Assuntos Aleatórios, Mas Sem Importância Alguma. Edição Única. Kaloré: Liberdade, 2008.

Blá, blá, blá reflexivo

O desespero sentido pelas pessoas quando refletem a respeito da vida é compreensível, principalmente porque, geralmente, as pessoas que fazem esse tipo de reflexão, são pessoas que já conseguiram compreender minimamente alguns signos mostrados propositadamente. É percebido a superficialidade de alguns conceitos que temos como os mais absolutos, e que jamais se modificarão ou que nunca haverão de transmutar-se em alguma outra verdade que não satisfaça nossos próprios egos. Se pensarmos profundamente no nosso trabalho, naquilo que fazemos todos os dias, se analisarmos cada um e todos os aspectos que compõem nossos intermináveis dias, chegaremos a conclusão, talvez, que é em vão. Toda a nossa vida passamos trabalhando, dormindo, tomando banho, estudando, amando, procriando, construindo, destruindo, etc ao infinito. A vida é isso, alguns poderiam afirmar e afirmam. Outros poderiam dizer que a vida não pode ser só isso. Mas então o que é, afinal, que estamos fazendo todos aqui parados no tempo esperando?

SILVA, Edmilson R. Textos Sobre Assuntos Aleatórios, Mas Sem Importância Alguma. Edição Única. Kaloré: Liberdade, 2008.

domingo, 11 de maio de 2008

Super Homem

Nós existimos de verdade e estamos bem perto de vocês. Sabemos voar. Numa fração de segundo podemos ir até o Alaska.. Nos preocupamos com as pessoas. Não queremos que alguém sofra, nunca, jamais. Estamos em qualquer lugar e em todo lugar. Conhecemos o nordeste brasileiro, as geleiras eternas, o deserto do Atacama. Somos, latino-americanos, europeus, asiáticos, somos cidadãos do planeta Terra. Não somos melhor do que ninguém por que somos super homens, mas sim porque todo homem também é. Somos super homens porque evoluímos, caminhamos, avançamos, sempre em frente.

Agora não mais fazemos guerras. Não existem mais motivos para matarmos uns aos outros, se bem que nunca houve, em nenhum tempo ou espaço. Há muito tempo que não dependemos mais do petróleo e isso foi um dos separadores entre o tempo que vivíamos como macacos e agora, que vivemos como super homens. Ao abandonar essa prática, que tanto serviu de motivo pra nos matarmos, passamos a ser melhores, pois tudo empurrava as nações pra sua auto sustentação energética. A partir desse ponto, ao longo das gerações, os países foram percebendo a importância da educação na construção dos super homens de hoje. Não foi uma tarefa fácil, quase desistimos, e agora podemos olhar pra trás com orgulho do que realizamos. Hoje já não existem fronteiras que separam este ou aquele país. O planeta terra é hoje uma só nação, onde todos são irmãos de fato e todos se preocupam com todos. Não existe mais fome, aliás, há centenas de anos que não sabemos mais o que isso significa. A produção de alimentos deu um salto em qualidade e quantidade que produzimos cem vezes mais num espaço dez vezes menor do que o que era utilizado no século vinte e um. Nós não poluímos mais o ambiente.

As crianças de hoje nem imaginam o que isso significa e quanto sofrimento causou até que fosse dada a devida importância as questões de preservação ambiental. Não existe lixo em lugar nenhum, pois tudo pode ser transformado em alguma coisa útil, assim como já havia dito um grande pensador muitos e muitos anos atrás. A natureza agradece nos fornecendo esse planeta maravilhoso onde vivemos. Através das nossas pesquisas cientificas pudemos recriar em laboratório todas, sem exceção, as espécie que foram extintas até o final do século vinte e um. Hoje qualquer super homem pode ver em um zoológico animais que nem mesmo os homens daquele tempo pôde ver. E mais. Pode, se quiser, conhecer todas as riquezas naturais do planeta, intocáveis.

A mata atlântica tropical, as imensas florestas tropicais, como a Amazônia, as florestas temperadas no hemisfério norte. Tudo devidamente reconstruído nos mínimos detalhes, para que devolvêssemos o equilíbrio ao nosso meio ambiente. A flora e a fauna novamente em harmonia e quando falamos em fauna, inclui-se nós também, o super homem, que agora compreende exatamente qual é a sua função na natureza e tem a certeza que não é nenhuma forma de dominação sobre outras espécies, sejam elas vegetais ou animais. Ninguém em nosso tempo sabe, muito menos se lembra, dos problemas ocorridos por ocasião da escassez de água no final do século XXI. Não lembramos porque depois daquele triste episódio da história da humanidade, onde sofremos por ações e decisões equivocadas tomadas por nós mesmo, mudamos e mudamos pra melhor. Buscamos as soluções e elas existiam e eram simples. Hoje nenhuma água é poluída nem desperdiçada. Ao mesmo tempo todos tem água. A água, hoje, é nossa única riqueza. E quando falo em riqueza, percebam que falo em nossa, e é realmente nossa, ninguem é ou se sente dono da água. Não existem pobres. A pobreza também já não faz parte da nossa realidade. Compreendemos a muito custo que não podíamos continuar desejando ser melhores do que os outros. Enquanto uns tinha tudo outros nem com o suficiente pra sobreviver. Demos um basta nestas injustiças, que começaram no momento em que o homem cercou o primeiro pedaço de terra e disse que era dele.

Propriedade privada que signifique opressão ao outro, não existe mais. Direito de propriedade somente é permitido quando se trata da defesa do direito de todos. Pois o planeta não é de ninguém. O planeta em que vivemos somos nós e somente quando percebemos isso, é que pudemos transformar nossas experiências. Todo mundo tem tudo aquilo que precisa pra viver, sem mais nem menos. Sabemos exatamente onde queremos chegar. Conhecemos com a mesma exatidão de onde viemos. E temos certeza pra onde estamos caminhando. Também há alguns séculos, tivemos noticias de nossos irmão de outros planetas. Eles sempre existiram. Existem há muito mais tempo que nós, e pra eles, somos apenas um bebê engatinhando. Engatinhando no sentido de ainda não termos chegado ao ápice da evolução, ao final da jornada, que eles já conhecem desde tempos imemoriais. Estremeçam, pois, leitores deste prepotente texto.

Nós, super homens, não temos fronteiras, barreiras ou impedimentos. Pra onde caminhamos não há volta, pois não queremos mesmo voltar. Apagamos todas as pistas, só nos restando agora avançar. Nosso mundo está do jeito que foi criado há bilhões de anos, e isso só aconteceu porque quisemos isso e lutamos pra restaurá-lo. Assim como nossos ancestrais quase destruíram o planeta, nós o reconstruímos. Para nossa justa sobrevivência.




SILVA, Edmilson R. Textos Sobre Assuntos Aleatórios, Mas Sem Importância Alguma. Edição Única. Kaloré: Liberdade, 2008.