sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Parabéns Kaloré...

Tenho que dar os parabéns!

Parabéns a você, ex-prefeito, por ter a chance de desaparecer da vida pública kaloreense ;

Parabéns a você, meu ex-amigo e ex-presidente da câmara, por ter sentido o que eu senti quando me traiu;

Parabéns a vocês, bando de desocupados e "vagabundos", por não enxergarem um palmo a frente do nariz e ver apenas aquilo que agradam aos seus olhos, turvos de ignorância;

Quero parabenizar efusivamente um certo radialista da cidade vizinha, pela experência demonstrada no alto nível dos textos postados em seu blog, não posso deixar de mencionar que se trata apenas da verdade e que esse ilustre cidadão, metido a jornalita, não recebe nenhum centavo para defender tão árduamente os interesses do magnânimo ex-prefeito de Kaloré.

Devo também parabenizar o povo de Kaloré, que é quem realmente sabe da situação pela qual passa nosso município, pela oportunidade, única, de eleger, de fato, um prefeito que não saiba defender apenas seus próprios interesses e de seus capangas.


Peço a população de Kaloré que levantem a cabeça, não permitam que digam qual é o destino do nosso município, tome os rumos da cidade em suas mãos e digam não à manipulação eleitoral, à corrupção, à compra de votos, ao charlatanismo político e sonhem com uma cidade melhor para nossos filhos.

domingo, 26 de setembro de 2010

MagroContos


Minha mais nova experiência literária. Ainda estou aprendendo e tentando me adaptar aos limites dos toques. Uso até, no máximo, duzentos toques para tentar ser claro nas histórias.

Deus, um delírio

Indicação de leitura.

Deus, um delíro - de Richard Dawkins

 Caso tenham paciência segue o link para download do ebook:

http://www.4shared.com/document/7OMajjQm/_Deus_um_Delirio_-_Richard_Daw.html

Posteriormente posto o Evangelho segundo jesus cristo, de José Saramago

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Neymar... quem!!!?



Como todo bom corinthiano que sou, ontem à noite esperei ansiosamente pelo início do grande clássico do futebol brasileiro.  Corinthians versus Santos. Dois grandes clubes com duas igualmente grandes torcidas (uma pequena grande vantagem nesse quesito para a torcida do Corinthians). 

Assisti a esse jogo por dois motivos fundamentais. O primeiro é o fato de eu ser corinthiano, como já mencionei um pouco mais acima e o segundo motivo é que queria ver o desempenho do aspirante a craque de bola, o senhor impáfia, Neymar. 

Durante a semana esse moleque foi o destaque na grande e pequena mídia por protagonizar uma grande confusão ao final de um jogo do seu time. A festa midiática foi completa, com direito até a especial do tal fulaninho, que daqui pro final do texto não mais citarei o nome, mostrando toda a sua trajetória. Que legal, um menino de apenas dezoito anos e com um futuro promissor. Bom de bola, atrevido, habilidoso, etc e tals. 

O cara é tão famoso e tem tanta influência sobre a diretoria do time da baixada santista que conseguiu até mesmo despedir o técnico. Só rindo. Já era o tempo em que o técnico de um time de futebol é que dispensava os jogadores. Mas esse caso é diferente, afinal estamos falando de um jovem que é uma promessa, talvez seja o substituto do Pelé, não é mesmo!!? E com tal graduação ele pode tranqüilamente, não só discutir com o seu time inteiro, como também mandar o técnico pra ponte que partiu.

E o técnico foi. Foi mandado embora, despedido e desmoralizado. 

Aí eu pergunto a vocês: quem é o tal menino do Santos? De onde saiu tal monstruosidade futebolística. Vejam... É inegável o talento do rapaz. Eu que não entendo nada de bola, apenas torço doentiamente pelo coringão, tenho que admitir que o cara é bom, tem seus rompantes de estrelismo, mas na real? O cara é bom!

O foda de engolir são os meios de comunicação berrando em coro unânime que o cidadão é o novo Pelé. O moleque não pode ao menos dar um passeio no shoping que já vira manchete da mídia esportiva. Namorar então, acho que se ele tentar, aposto que a sortuda será no mínimo a Xuxa.

O que ele tem de habilidade nos pés falta em educação e nesse aspecto concordo com o René Simões quando disse que ele está precisando de limites. O técnico do Santos perdeu o emprego por dar um primeiro passo na intenção de transformar o moleque em homem. Foi mal interpretado....

Bom, voltando ao jogo de ontem à noite. O moleque, protagonista desse texto, jogou bem. Gostei de ver. Mais humilde, com menos reclamações e por coincidência ou não, com menos faltas também. Talvez ele tenha aprendido a lição. Talvez ele tenha compreendido que o mundo não gira em torno do seu umbigo e muito menos se esconde naquele corte de cabelo ridículo que ele usa. 

Felizmente jogar bem não é sinônimo de ganhar jogo e o timão papou mais uma do Santos em plena baixada, com direito a vira-vira, passe de letra e olé.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Desculpem amigos, pensei melhor, vou votar no Serra

"Cansei...Basta"! Vou votar no Serra, do PSDB.

Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio. O alimento está barato demais. O salário dos pobres aumentou, e qualquer um agora se mete a comprar, carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte.
Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa demagogia.

Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares.

O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega...

Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juro a juro baixo, todo mundo tem carro, até a minha empregada. " É uma vergonha! ", como dizia o Boris Casoy. Com o Serra os congestionamentos vão acabar, porque como em S.Paulo, vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a cada 35 km e cobrar caro.

Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode botar uma confecção. Tem até crédito oferecido pelo governo. O que era exclusivo da Oscar Freire, agora, se vende até no camelô da 25 de Março e no Braz.

Vergonha, vergonha, vergonha...

Cansei de ir em banco e ver aquela fila de idosos no Caixa Preferencial, todos trabalhando de office-boys.

Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou "empreendedor" no Nordeste. Pode? Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo,SBT,Band, RedeTV, CNT, Fôlha SP, Estadão, etc.). A coitada da "Veja" passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o fim do mundo.

Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço, na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito... Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa raça.

Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus, agora, vão assistir TV até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia. Quem vai cuidar da lavoura do Brasil? Diga aí, seu Lula...

Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria (73% da população, hoje, tem casa própria, segundo pesquisas recentes do IBGE). E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles? Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar férias no Exterior. É o fim...

Vou votar no Serra. Cansei, vou votar no Serra, porque quero de volta as emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e aproveitar a inflação. Investir em ações de Estatais quase de graça e vender com altos lucros. Chega dessa baboseria politicamente correta, dessa hipocrisia de cooperação. O motor da vida é a disputa, o risco... Quem pode, pode, quem não pode, se sacode. Tenho culpa eu, se meu pai era mais esperto que os outros para ganhar dinheiro comprando ações de Estatais quase de graça? Eles que vão trabalhar, vagabundos, porque no capitalismo vence quem tem mais competência. É o único jeito de organizar a sociedade, de mostrar quem é superior e quem é inferior.

Eu ia anular, mas cansei. Basta! Vou votar no Serra. Quero ver essa gentalha no lugar que lhe é devido. Quero minha felicidade de volta.”

Elke di Barros
http://contextolivre.blogspot.com/2010/09/desculpem-amigos-pensei-melhor-vou.html?spref=tw

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Amélias feministas?

Ao chegar em casa hoje me deparei com uma cena totalmente comum, mas que me suscitaram alguns questionamentos a respeito da formação do consciente e subconsciente feminino. Minha filha de um ano e meio estava felizmente distraída com um brinquedo novo que havia ganhado de sua madrinha. Era uma miniatura de um carrinho de bebê, com todas as similaridade possíveis de um carrinho de tamanho normal. E lá estava minha filhota em pé, empurrando pra frente e pra trás aquele brinquedo, com um boneco dentro, embrulhado por uma frauda. Ah! E que felicidade! E ainda balbuciava um esboço de uma cantiga de ninar.

Achei interessante aquela cena, principalmente porque é o início da formação das mulheres Amélias. Será? Por mais que as mulheres tenham lutado e conseguido sua independência elas ainda carregam traços de um machismo irreversível em nossa sociedade. O carrinho de neném de brinquedo é um exemplo de como os padrões socialmente aceitos estão sedimentados em nosso inconsciente. Meninas têm que brincar de boneca. São mães de brinquedo numa simulação perniciosa de uma situação desejada, não sei por quem, num futuro não muito longínquo.

Nessas brincadeiras temos todos os aspectos de uma casa real, com requintes de crueldade, principalmente quando acontece de haver um menino na brincadeira. Tem hora pra fazer comida, hora pra trocar frauda, dar mamadeira, fazer dormir e coisas do gênero. A tortura fica por conta do menino, quando ele faz de conta que está chegando do trabalho e a menina corre para atender suas mais prementes necessidades.

Por que não enxergamos essas coisas? Por que continuamos a presentear nossas meninas com brinquedos desse tipo? Joguinhos de panela, carrinhos de bebês, bonecas que falam, choram, fazem xixi e etc. Nossas meninas crescerão, serão adolescentes, chegarão à idade adulta, algumas conseguirão se libertar dos grilhões que as prendem aos caprichos castradores de uma sociedade imperfeita. Outras porém, e nesse caso acredito que sejam a maioria, perpetuarão uma submissão imposta sem nunca ter tido chance de realizar outra escolha, já que fizeram, desde pequenas todas as lições necessárias  em sua própria casa.

E os meninos? Qual o seu papel nisso? Exatamente igual ao das meninas, ou seja, manterem-se no mesmo lugar e com as mesmas condições. Representarão fielmente o papel que aprenderam desde pequenos juntamente com as meninas.

E a sociedade dá vivas a isso, afinal tudo vai continuar como está por um longo, longo tempo. Ninguém vai se incomodar com isso, já que inverter esses padrões é algo muito difícil e complexo e jamais será necessário caminhar nessa direção. O mercado agradece. A masculinidade agradece. Algumas mulheres também agradecem, principalmente por que as fizeram pensar que lugar de mulher é realmente dentro de casa, cuidando de filhos e lavando cuecas e fazendo comida.

Ótimo então, temos um lindo panorama. E o movimento feminista? Onde se encaixa nessa história? Boas questões não é mesmo? Em alguns momentos penso que o movimento feminista também é injusto, onde o discurso dos direitos iguais apenas tem prejudicado as mulheres ao longo dos anos. Elas tiveram que abandonar seus filhos e família pra combater os males da modernidade junto com os homens. Por que foi necessário isso? Quem são os responsáveis por essa mudança? Será que foi uma escolha voluntária ou as mulheres foram induzidas e conduzidas a esse resultado? 

Mais perguntas que não consigo responder com exatidão e talvez nunca consiga passar nem perto das respostas, mas que posso refletir e considerar alguns pontos importantes: a mudança do conceito de família na modernidade e principalmente na contemporaneidade; a necessidade de sustentar a prole; as exigências da sociedade de consumo; o fato do homem sozinho não mais dar conta de cuidar materialmente da família; etc....

Enfim, já não sei se termino esse texto da forma como planejei no início. As meninas brincam de donas de casa, de ser mães e os meninos de chefes de família, mas a vida na idade adulta já não tem muito espaço pra famílias com essa tradicional formação, pois tudo muda e as famílias, infelizmente ou felizmente, já não são as mesmas.

Mas os brinquedinhos continuam sendo os de sempre e minha filha adora!!!!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Kaloré, ôôôôô lugar!!!!

As idéias nem sempre conseguem sair exatamente como queremos de nossas cabeças. E também é muito difícil transformá-las em atitudes que possam representar nossos ideais. Tenho consciência disso. 
Ser filiado a um partido político, ou não, é um direito que temos. Acreditar que esse ou aquele político é melhor também é um direito individual que se baseia nas experiências que tivemos com esses políticos, ou pelo menos baseado naquilo que temos em mãos para fazer a análise.

Cometo muitos equívocos no que toca à condenação de pessoas que não pensam como eu e que não acreditam nas mesmas coisas que eu creio. É um erro e um grande defeito de personalidade. Mas quem não faz isso alguma vez na vida? Mas na maioria das vezes apenas defendo meus pontos de vista com unhas de dentes, apesar de haver muitas pessoas que não concordam com eles. Eu respeito essas pessoas e acho muito importante que essas pessoas insistam em tentar provar, ou seja lá o que for, que elas estão certas, afinal eu também faço isso.

Não há culpados nesse embate. Mas direitos são direitos. Se há pessoas para acharem que foi injusta a cassação do ex-prefeito, há também aquelas que consideram que já havia passado da hora. O segundo lugar assumiu, nada mais justo, e agora é tentar colocar a casa no lugar. Os descontentamentos continuarão e os contentamentos também. O inadmissível é reconhecer em algumas pessoas um conservadorismo irreal e intransigente. 

Fácil dizer que minhas atitudes estão todas corretas, mas extremamente difícil admitir que posso estar enganado. Mas pra quem acha que o estado não pode ser paternalista, não há nada a dizer. Nada a declarar.

Nossa cidade é pequena, muito pequena e realmente não há muitas oportunidades para os nossos jovens, isso é um fato. Então esses mesmos jovens devem buscar um horizonte melhor em outro lugar, lembrando sempre que o mundo não é a barra da saia da mãe e que lá fora vai apanhar muito pra aprender a respeitar os outros. Aliás, o pior desrespeito não é com os outros, mas sim consigo mesmo. 

Kaloré vai sobreviver a esse clima de hostilidade. Acredito que o atual prefeito seja a melhor opção de fato. Porém saliento que não existe perfeição e ele vai cometer equívocos e quando isso acontecer é importante que haja quem veja e reclame. E que essa reclamação não seja vista como crítica destrutiva, a exemplo do prefeitinho que foi cassado.

Sei que é difícil, afinal quando se tem o poder fica complicado entender as reivindicações como cobranças de direitos. Mas tudo bem. Sigo insistindo nisso, não me importa quem está no poder, continuarei cobrando uma  administração séria, mesmo sabendo que serei sempre ignorado. 

Vocês podem se juntar a mim ou podem continuar achando que eu sou partidário, ou seja lá o que for, e que também estou apenas tumultuando, às vezes nem isso. Kaloré vem sendo mal administrado há muito tempo, mas as pessoas preferem continuar defendendo seus próprios umbigos. Até quando? Pelo jeito, até sempre.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Kaloré, ôôôôô lugar!!!!

Realmente está uma palhaçada a política kaloreense. Estamos sendo governados por decisões alheias. Mas desse fato temos que considerar alguns aspectos importantes. Nossos políticos ainda não compreenderam o significado da palavra democracia e muito menos entenderam a importância de se respeitar direitos adquiridos a custo de muita luta. 

Há alguns anos a justiça cassou o mandato de um péssimo prefeito por irregularidades na campanha eleitoral, isso é inegável. Agora a mesma justiça, diga-se juíza, cassou outro prefeito pelos mesmos motivos. Não acredito que seja possível comemorar por um fato que está elevando nosso município a um patamar maravilhoso de vergonha pública. 

Mas o que é inegável é que houve irregularidades dos dois políticos cassados, sendo assim nada mais justo do que o segundo colocado assumir o seu lugar. E não adianta ficar passando panos quentes e muito insistir no discurso de que o o prefeito anterior vai voltar, pois sabemos que isso não passa de discurso retórico pra enganar patéticos partidários que mamavam na gorda teta do município.

Sei que a exemplo do que acontece em todas as mudanças de administrações municipais, há muitas pessoas descontentes, inclusive um ou outro "Che Guevara Reacionário", e esse descontentamento é compreensível já que os privilégios foram cortados e transferidos a outros.

Continuamos assim, de pilantras até o pescoço, e o pior deles são os que negam as irregularidades estampadas em suas caras, a exemplo do BO acima. Continuem assim que tudo vai bem. Antes de me taxar de partidário, saibam que concordo em número, grau e gênero com a cassação do prefeito anterior e com esse agora.

O que não posso concordar é com pessoas que não conseguem enxergar a realidade.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

País do futebol – Parte II

Hoje, antes de encerrar o primeiro tempo do fatídico jogo da copa do mundo, saí de casa. Por vários motivos, mas o principal é que precisava pagar algumas contas. Não estranhei nada todos, sem exceção, os comércios fechados, afinal estava acontecendo uma grandiosa apresentação da nossa seleção canarinho em mais uma copa do mundo da FIFA. Paramos tudo por conta disso. Nós brasileiros temos o poder de esquecermos que o mundo, apesar de parecer, não para. Como não encontrei nenhuma loja aberta, nem lotérica, repartição pública e muito menos um banco aberto, voltei pra casa, afinal não podia perder o segundo tempo do jogo. Mas perdemos o jogo, e de virada, pra Holanda. Jogamos muito mal a segunda etapa, poderíamos ter matado o jogo no primeiro tempo, como disseram alguns comentaristas esportivos, mas nossos jogadores não tiveram garra suficiente.

E depois do apito final o que ocorreu pelas ruas da cidade foi um show espetacular de suposições fantasiosas. De opiniões positivas e ou negativas, de possibilidades que deveriam ter sido aproveitadas. Teve acusações gravíssimas a esse ou aquele jogador que não se empenhou o suficiente. O treinador, coitado, foi o mais avacalhado diante da derrota e da desclassificação da única seleção pentacampeã do mundo.
Mas o pior de tudo isso é pros torcedores brasileiros é ver a Argentina jogando bem, com o Cheirador dando pequenos shows particulares a cada coletiva pra imprensa. Isso dói muito, confesso. Eles bem que poderiam ser desclassificados também! Todo o brasileiro agora volta suas atenções ao time quadrado da Alemanha se auto declarando alemão de nascimento. Desde criancinha! É uma expressão bastante utilizada neste catastrófico pós desclassificação.
Bem, mas... e daí? A seleção perdeu, de virada, foi vergonhoso, segundo alguns mais apaixonados, mas o que muda? Talvez com a derrota este imenso país possa acordar do sonho de berço esplêndido e quem sabe começar a enxergar melhor. Talvez tenha sido necessário a derrota para que possamos ver os acontecimentos ao nosso redor com maior clareza, sem a escamoteação deliberada da copa do mundo.
Façam um exercício de imaginação simples: o Brasil consegue o título de hexa campeão mundial!! Se isso acontecesse, a exemplo das outras cinco vezes, teríamos um longo período de grandiosas festas e comemorações. Nossos heróis nacionais seriam todos banhados com as honras devidas a quem realmente leva e eleva o nome do país internacionalmente! Nós brasileiros, privilegiados por termos nascido no país do futebol.... Grande bosta!

Pão e circo como sempre pela história a fora. Enquanto isso as vítimas da enchente do nordeste sofrem, morrem, sentem fome,sede e frio. É isso ai Brasil... enquanto isso nossos políticos continuam metendo a mão no dinheiro público descaradamente!! Enquanto estamos hipnotizados diante do grandioso feito, as condições da educação no Brasil estão cada vez piores, mas os índices nos dizem que podemos comemorar!

Confesso que achei muito legal o Brasil ter perdido, apesar de ter torcido fielmente pra seleção vencer, quem sabe voltemos a viver nossas medíocres vidinhas de todo dia sem nenhum sonho de grandeza e de conquista ou manutenção da hegemonia mundial, nem que seja do futebol.

Agora

...e agora? Os sonhos que tive nessa hora. A morte que espero pacientemente. A vida que vivi, displicente. Os desejos que alimentei inutilmente. Os planos que fiz somente. A realidade que tenho na verdade. Nada disso é mais do que nada. Tudo isso é mais do que preciso. Não quero me apegar a nada. Nada que me escravize e que me prenda. Não presto atenção. Não há amigos nem amores capazes de me segurar. Jamais vou sonhar com o sossego infeliz do amor. Nem mesmo vou estar infeliz sozinho. A solidão é a única companhia desejada. A estrada, o caminho, a trilha, a morte que me espera nas esquinas é só minha e não a divido com ninguém...

Naquela noite

Naquela noite, depois que todos foram dormir, saiu. Suas coisas já estavam arrumadas há décadas. A pequena quantidade de objetos que havia separado para o acompanhar em sua viagem já estavam com ele. Carregaria apenas o necessário para a fuga. A mesma roupa com que foi ao trabalho no dia anterior seria suficiente. Os mesmos sapatos que o arrastaram durante um bom tempo pra a entediante rotina. Não levaria nada nas mãos que pudessem atrapalhar a viagem. Também não deixaria nada pra trás. Nem mesmo um aviso ou bilhete colado com ima de geladeira. Todas as inúteis tralhas que usou durante uma vida seriam esquecidos como se nada tivessem significado. As roupas, os objetos, os textos, as cartas, as fotografias, as lembranças da universidade, nada seria levado... 

Eu assim

A flor de luz se apagou
Instantes que voltam a ser
Aquilo que podem sonhar
As flores da mesa murcharam-se

As dores do todo deixaram assim
Amores que um dia virão
Com cores de beira de estrada
Rumores encardidos aqui e ali

Nos céus de sua boca
Nos véus de umas virgens
O começo são os botões
Espinhos, não sei não

Nas curvas que eu vejo
Tudo que não é meu
Debaixo dos tecidos
Feitiços e maldades

E as flores não dadas
E as dores sentidas
E as cores desbotadas
E os amores esquecidos

Nasce na fertilidade do vazio
No estreito de uma esperança
Que vida vive ali limitada
Mas morre quando nasce

E cai quando cresce
E some tudo ao redor
E ninguém mais vê
E rodopia no ar

Com músicas e hinos ao fundo
Você agora sempre escolhe
Eu não finjo que sei
E tu, tu me prefere assim

sábado, 19 de junho de 2010

Cama

Às 5:00 horas da manhã, acordado, a fuga necessária. Cama  que entrega todos os medos. Necessário levantar e despir-se dos pesadelos. Ontem havia sido um sonho com olhares desconfiados. As pessoas, todas elas, muito difícil confiar nelas, mas uma necessidade que ainda levariam todos a um fim bastante triste. Que estrada suja e fétida foi escolhida pra trilhar! Que paisagens desoladoras foram escolhidas pra enfeitar a capa do álbum! Lembranças que todos agora querem esquecer, mas que jamais serão deixadas jogadas em qualquer beirada ignóbil de mentes. Na cama não dá pra continuar dormindo acordado, é preferível acordar pra dormir em paz. A ilusão da vida tem que ser encarada todos os dias com a alegria inocente de uma criança que ganha um brinquedo novo. A vida ilusória que todos tem e buscam sempre um sentido feliz pra ela. Mas a cama continua sendo um lugar misterioso, onde talvez o vazio mentiroso de almas que não sonham possam se encontrar consigo mesmo. O vazio sobre o vazio acaba sendo também algo que nos ilude e nos acalma. A calma que todos precisamos pra viver. Te encarar, encarar ela, eles, vós.... todos vocês e todas as coisas ao redor e, quem sabe, se iludir que você não é, porque não pensa, ou pensa que é exatamente porque acha que é aquilo que pode medir. Ou sonha que é a medida de todas as coisas, como disse um velho filósofo, e perpetua a mediocridade humana. Ah! A cama é o universo perfeito.... blá, blá, blá...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

País do futebol

Moramos no país do futebol. O único penta campeão da modalidade em todo o planeta terra. Pois mais que os outros países se esforcem, não conseguem formar boas seleções a ponte de poderem rivalizar com a nossa seleção canarinho. E isso é fácil de explicar, não é mesmo? Afinal que país do mundo o primeiro brinquedo das crianças é uma bola? Em qual nação, rica ou pobre como a nossa, o maior sonho dessas mesmas crianças é se tornar um astro da bola? No nosso sangue deve haver um rastro genético desse ser que já se tornou vivo entre nós brasileiros, nossa vossa excelência a bola. E o futebol nos enche de pequenas grandes alegrias, onde reconhecemos e fazemos nossos aqueles sucessos e também os fracassos. 
Os campeonatos conquistados, os troféus erguidos, as manchetes nos jornais, o bate-papo sobre a última rodada faz com que nos sintamos participantes diretos desse mundo futebolístico criado, ou surgido, em nosso país. E com todas essas informações podemos simplesmente deixar de lado fatos que não são problemas nossos. Não podemos nos preocupar com mais nada que possa tirar nossa atenção daquilo que realmente nos interessa. E nesse momento quem, entre nós, pode se esquecer da gloriosa Copa do Mundo de Seleções, organizado pela FIFA. Ohhhhhhhh! Isso é muito importante mesmo. O país do futebol agora está engajado em mais um título, o Hexa. Fala-se tanto nesse Hexa, mas não acredito que as pessoas saibam o significado. Enfim, tudo voltado pra copa.

Nas escolas ensinam a geografia do país da copa, a história do continente da copa, a geometria africana, a origem africana do homem, as seleções africanas classificadas para a copa. Ah, ia me esquecendo, há também as aulas de arte africana.
Na televisão o espetáculo é ainda mais sortido e divertido diga-se de passagem. Tem o receptor que sintoniza mais de trinta canais, especialmente a transmissão dos jogos do Brasil, com um brutamontes trajando uma bela camisa com as cores do país. Não tem como esquecer dos anúncios das mais variadas bebidas, alcoólicas ou não, vinculando sua marca e o prazer de beber à superioridade técnica dos brasileiros. Como não citar a infinita enxurrada de propaganda televisiva, radiofônica e impressa usando de alguma forma a copa do mundo com alavanca para suas vendas? E compramos mesmo. Os crediários e as facilidades são tantas que nem pensamos diante da possibilidade de conseguir um financiamento de cento e cinqüenta meses.
É um show de transmissão. Tenho que rir nesse momento (kkkkkkkkkkkk). É a anestesia do povão. O pão e circo continua atualíssimo. O povo continua sendo esmagado na sola da bota dos grandes, mas não reagem. E quem quer reagir a alguma coisa às vésperas do mais grandioso espetáculo mundial, onde somos representados pelos, sem modéstia alguma, melhores jogadores de futebol do planeta, quiçá do universo?
A vida não é mesmo bela? A fome está aí, mas ninguém pode fazer nada pra mudar; a pobreza existente não é nossa; o racismo não existe pois minha empregada é negra mas é limpinha e eu pago só meio salário mínimo pra ela, mas compenso com cesta básica e roupas usadas; o nosso dinheiro não está sendo transportado tranqüilamente em meias, cuecas e malas de políticos safados e ladrões; as eleições desse ano elegerão somente os políticos honestos desse brasilsão...
É isso aí brasileiros e brasileiras, está na hora de adquirir aquela tão sonhada tela de trocentas polegadas, juntamente com uma poltrona bem confortável e nos preparar pra assistir a mais um capítulo da nossa feliz história. Somos o país do futebol!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Sofrimentos do jovem Deus

Deus estava sentado, relaxado, no meio fio, com os cotovelos escorados em seus joelhos e batendo palmas praquele espetáculo à sua frente. Nada de anormal acontecia a não ser o vai e vem dos carros, que pareciam descontrolados mas que naverdade obedeciam ao sinal. Verde, vermelho, amarelo, não conseguia distinguir a ordem e isso não alterava em nada o que ele via. Os carros continuavam passando como sestivessem procurando a cura pra morte ou pra vida, quem é que sabe? E Deus lá... perdido em seus pensamentos e lembranças. E no que ele pensava estava furiosamente o fazendo lembrar de tudo. Tudo o que tinha acontecido praqueele estivesse ali naquele momento. Que tristeza olhar aquele pobre rapaz de olhos enegrecidos por fantasmas que tentava em vão afastar com suas palmas. Os cabelos desgrenhados pelo vento forte que soprava pela manhã fazia com que sua figura se tornasse cadavez mais peculiar. A um tempo solitário e triste e em outros momentos olhá-lo era como observar a natureza pela beleza que se mostra. Ele lá, sentado, batendo suas palmas, olhando através dos carros. A essa altura já achava que ele nãoqueria sair daquela posição. Do jeito que estava poderia ficar mais um século e meio. 

Mas nem sempre estivera ali, apenas aos observadores atentos e madrugadores. Aqueles que se levantam cedo prair ao trabalho conseguiram ver o momento exato em que Deus chegou, olhou, sentou e começou sua claque a seu espetáculo imaginoso e fantástico. 

Antes de sedecidir por aquele lugar ele já havia passado por vários outros indecisamente. Acho que naverdade não fazia a menor diferença esse ou aquele lugar, já que ele parecia não estar em lugar algum. Então tanto fazia a escolha. Não havia problema porque seria sua última decisão a ser tomada. 

Ele que tinha descoberto sem querer que não era humano e que tudo aquilo que via no espelho não passava da casca transitória de um inseto qualquer. Tudo tão derrepente que não conseguiu digerir de forma natural a notícia, apesar de sentir todos os sinais de sua diferença durante toda sua vida. Mas que vida toda foi essa que ele pode ter vivido, já que não aparentater mais do que quinze ou dezesseis anos? Mas ossegredo de sua identidade havia vazado, seus pais não conseguiram guardar a verdade por muito tempo e ele abismado e muito assustado com aquilo resolveu fugir desnorteado como uma bússula quebrada.

O que ele provavelmente ainda não sabia era que o único humano em todo mundo era ele mesmo. O resto de nós éramos todos qualquer coisa, e nesse caso não posso dizer que éramos insetos, ou macacos, ou atémesmo leões. Ele havia caído do céu e estava conosco há muito tempo, mais do que ele poderia imaginar, apesar de aparentar ser apenas um adolescente. Tudo o que construímos, inventamos, criamos, descobrimos foi por causa da sua presença inspiradora. Mas ele não sabe disso e ninguém entre nós sabe porque ele esqueceu e agora está ali sentado como um doente batendo palmas pra um espetáculo que não existe. 

Talvez exista mesmo... talvez ele esteja batendo palmas pratudo aquilo que ele nos fez criar e que agora, tendo esquecido, acha belo e perfeito. Mas a confusão em sua cabeça é crescente e nunca mais será o mesmo depois de hoje. Ontem já não existe mais porque definitivamente sua morte nos presenteou com uma realidade alegre demais pra ser esquecida. A confusão que se fez foi creditada à ele mesmo, que nos encheu com seus milagres a ponto de termos em nossas mão tanto poder quanto ele. E nos utilizamos disso pra inverter as posições. Ele não evoluiu, quis permanecer criança. Deus nunca mais vai se levantar daquele meiofio. Jamais teremos sua importante presença entre nós. E também não queremos que isso aconteça jáque, nós humanos ou humanóides, não queremos voltar a ser subordinado a uma criatura tão frágil quanto ele.

Tudo ia muito bem, porém, num acesso de fúria juvenil, Deus se levantou com os olhos injetados como os de um viciado e começou a gritar coisas incompreensíveis a nós. Masele sabia o que estava gritando. Era uma espécie de prece, reza ou oração. E fazia isso de maneira tão estranha que derrepente tudo parou ao seu redor. As pessoas ficaram todas paradas e se voltaram pra ele, queriam ver a loucura em pessoa saindo da boca daquele jovem. Os carros também pararam todos, as luzes do sinal também se apagaram, e ovento também obedeceu a essa ordem dada não sei por quem, talvez por Deus. As folhas das árvores pararam de cair. Os insetos também silenciaram suas pernas e asas para contemplar a loucura juvenil disfarçada de sabedoria.

O sol também parou e em silêncio luminoso presenciou os terríveis e maravilhosos eventos que se sucederam. Eu, humilde narrador desses fatos, quase não tive voz ou dedos para descrever aquilo tudo que vi. Deus havia parado de gritar aquelas sonâmbulas palavras e nesse momento fazia gestos longos e suaves com os braços. Levantava como se fosse fazer alongamento e em seguida apontava-os para o horizonte, como a mostrar a paisagem. Parecia que estava regendo uma orquestra imaginária e a música que saía era a melodia dos desastres e tragédias. Todas as nuvens negras do universo se movimentaram ao seu comando e despejaram sobre o corrupto planeta grandes descargas de energia e a cada uma dessas descargas uma dezena de vidas era interrompidas tão instantaneamente quanto o próprio evento elétrico. Os carros ficaram suspensos no ar, comtodos seus motoristas e ocupantes, e simplesmente desapareceram com o simples balançar o dedo indicador de Deus.

Ele agora tinha uma aparência poderosa. Seus olhos já não eram aqueles do começo dessa história. Os seus tenros anos já haviam desaparecido e ele parecia ter bem mais de cem anos de tristezas e frustrações. Isso estava escrito na decepção estampada nos gestos quefazia. Era uma vingança aquilo e ele estava executando com prazer. Estava se deliciando com o final infeliz daquelas felizes criaturas. Sem explicação e sem defesa, nenhum ou ninguém se defendeu. Tudo foi tão derrepente que não houve tempo. 

Quando tudo estava acabado e não havia mais ninguém e sobre a face da terra ele sorriu. Ele emitiu uma gargalhada tão feliz quanto ao mais inocente riso de criança. Não tinha mais volta e ele finalmente estava sozinho e tinha se vingado de tudo. Não havia mais família, nem mentira, nem falsidade, e nem milagres. Deus era o milagre. A causa eo efeito de tudo o que existia e que agora não passava depó. O vento nunca mais iria soprar desse lado do universo. O homem, ser humano tão racional, havia decidido por fim em sua trajetória. E Deus como resultado da invenção humana havia também cumprido seu papel. Terrível, mas maravilhosamente bom.

Eu vago agora por ai como um condenado pelo meus atos e sempre me lembro dos tormentos que passei naquele dia. Todos os pesadelos que tenho me dão o direito de me arrepender de todos eles. Fiz o que fiz porque estava cansado de tudo e nada mais me interessava. O que me resta e vagar por todas essas estrelas pedindo por abrigo. Uma acolhida menos dolorosa doque aquela que tive na terra. Mas nem sempre sou bem recebido, já todos sabem o que fiz com aquilo que fizeram de mim e minha reputação chega antes da minha decisão de ir. Não nego nada das coisas que fiz e dos crimes que cometi e meus irmão tem todo o direito de me incriminar. Soumais livre agora e me compreendo melhor porque sei que não existe em lugar nenhum do universo um lugar com gente tão complicada quanto aquele. E sei também que jamais haverá novamente um outro lugar para abrigar gente tão mesquinha. Então vago por aí. Vou de sol em sol, as vezes apareço em alguma lua ou atémesmo nos anéis de saturno, de onde já fui expulso várias vezes, mas eu entendo, afinal quem quer um destruidor entre os seus. Um ser terrível como eu tem que ficar isolado mesmo e entender que é um dejeto do universo. 

Já pensei em me suicidar, acabar com minha insignificante vida talvez seja o mais sensato a fazer, mas não encontro uma maneira. Já até tentei um buraco negro e mergulhei de cabeça. Fiquei decepcionado quando me vi virado do avesso ao invés de morto, extinto, acabado. O outro lado foi frustrante, até porque o universo lá é espelho desse daqui. Então decidi voltar a ser o que era aqui. Melhor ou pior, sei lá, o fato é que não vou conseguir me livrar de mimmesmo. Isso está ficando cada vez pior. Minha última tentativa foi chocar-me contra um sol qualquer, de preferência o maior, me incendiar, fazer cinzas do meu corpo e de todos os meus malditos pensamentos. Mas também não consegui, porque o fogo realimentou todos os meus ódios e ressuscitou o meu desejo de vingança. Me vingar de todos e de mim mesmo. Da minha vida surreal e dos objetivos que desconheço pra viver. Fiquei pior, ou melhor, do que antes após a tentativa frustrada contra os sóis. 

Acabei aceitando passiva e pacificamente que não posso morrer. Sou mesmo imortal e a eternidade é um fardo muito pesado pra eu carregar sozinho. Não estou conseguindo e não consigo ninguém pra me ajudar. Alguém com quem eu possa compartilhar meus sofrimentos. A imortalidade realmente é a única coisa que passou a me incomodar mais do que todos os humanos que assassinei de propósito. Às vezes penso que seria melhor que eu também tivesse morrido naquele dia aos dezesseis anos de idade. Muito melhor do passar vivo eternamente olhando o tempo passar e nunca poder me agarrar a ele. Ficar sempre esperando a morte que nunca vem e nunca virá. Meu castigo é esse, viverpra vermorrer todas as outras criaturas e amargar minha inveja e minha dor.
Minha impotência diante da morte é a declaração que posso viver por todos os tempos desejando a morte que nunca irei alcançar.

Eu também aceito isso. Agora, nesse momento olhando prasestrelas vejo tudo o que me interessa. Não existe mais ninguém como eu em lugar nenhum. Sou único e por isso a solidão que sinto talvez esteja me corroendo e me fazendo desejar ser cada vez mais solitário.

Já me decidi. Amanhã bem cedo vou caçar, melhor, vou me divertir com o que sobrou de vida no universo. Vou ter tudo nas minhas mãos e decidirei o que é melhor afazer. Mas sei o que vou fazer. Vou acabar com tudo, destruirei todos os resquícios de vida existente. Não deixarei um planeta no lugar. Não haverá um sol aceso em nenhuma parte do universo e também apagarei todas as estrelas. Nunca mais haverá luz. E na escuridão concluirei minha tarefa. Apagarei todas as vidas e suas possibilidades para finalmente estar em minha própria companhia. Pra sempre comigomesmo é o meu destino e o aceito de bom grado. Fui fabricado e inventado por seres que não sabiam o que estavam fazendo e agora assumo minha posição de criador de tudo, e como tal, detentor do direito de destruir tudo e qualquer coisa que me leve a pensar que um dia existiu vida em algum espaço ou tempo.

Obs: Deixei umas palavras juntas de propósito, é só um experimentalismo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Felicidade


Eu sou feliz. Alguém aí duvida? Sou muito feliz naquilo que sou. Extremamente feliz com aquilo que faço. Alguém duvida? E sabe por que eu sou feliz? Simplesmente porque não estou nenhum pouco preocupado com os sofrimentos alheios. Porque eu não ligo a mínima se a função que desempenho está totalmente desvinculada do todo. Porque acredito que eu faço o melhor que posso. Porque penso que faço minha parte. E a minha parte estando cumprida, não me interessam se os outros fazem as deles. Nem ligo pra essa bobagem, afinal sou muito competente. Exerço minha cidadania ficando calado e escondendo nas cômodas sombras da covardia. Disfarço muito bem esse meu fraco, já que não posso deixar aparecer nenhuma linha solta. Minha felicidade está acima de tudo, de todos e de qualquer coisa. Ninguém pode me dizer que está descontente que rapidamente o faço lembrar que a vida é bela e curta demais pra ser vivida descontentemente. O segredo da felicidade está exatamente na capacidade de não enxergar os problemas. E isso eu faço com maestria. Não enxergo nada que possa me trazer pra realidade. Não vejo a corrupção que assola nosso país. Não vejo a violência que nos mantêm presos em nossas próprias casas. Não vejo a enorme quantidade de dinheiro público sendo desviado para o bolso de políticos inescrupulosos. Não vejo e jamais quero ver o sistema educacional brasileiro cada vez mais falido e com seus objetivos seriamente comprometidos. Não enxergo o caos da saúde pública. Nem olho pros mandos e desmandos dos nossos representantes. Mas também não quero nem ver todas as outras pequenas desgraças do dia-a-dia. Aquelas que se tornaram tão corriqueiras que já nem percebemos que elas existem. Eu não posso ver essas coisas pra não atrapalhar minha felicidade. Alguns dos leitores dessa ode à felicidade podem me achar egoísta, mas garanto que esse não é o caso. Tenho certeza que ser feliz, do jeito que sou, é a solução pra todos os problemas do mundo. Todo mundo tem que aceitar que a felicidade só existe se entendermos nosso papel no mundo. E qual é esse papel? Fácil. Aceitar ficar calado. Permanecer de olhos fechados. Jamais questionar. Essa é a receita da minha felicidade. Aprenderam? Tenho certeza que sim, afinal vocês são pessoas inteligentes e compreendem perfeitamente que o melhor a fazer é ficar alheio aos problemas, pra que a felicidade possa enfim reinar entre os homens e mulheres de boa vontade....

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ei você, covarde!!



Não fuja dos seus reflexos. Não pense que isso poderá te isentar de todas as culpas. Não pense que você é esperto. Não haja dissimuladamente como se sua covardia fosse um ato de coragem. Deixe de ingerir doses homeopáticas de medo. Você mesmo, é com você que eu estou falando. Tenha opinião. Construa suas verdades, relativas, mas suas. Queira querer ter iniciativa. Não haja feito um bebê chorão. Não sinta pena de você mesmo. Não tente racionalizar, dizendo pra você mesmo que não ia adiantar você participar. Participe mais. Fale mais. Se esconda menos. Sonhe. Ouse um dia ter um sonho utópico. Pare de espalhar por aí que tudo é assim mesmo. Não seja mesquinho, medíocre, pequeno e infeliz. A sua covardia ainda vai te matar meu amigo. Suas nunca pronunciadas opiniões ainda vão te sufocar. E daí, como vai ser? Do que adiantou todo esse medo de se envolver com os problemas que fizeram parte de sua vida? De nada adiantou, não é mesmo? Continue assim e você nunca sentira o gosto da liberdade real. Siga por esse caminho e você jamais conhecerá o sabor de ter tentado. Queira sempre fugir e você vai morrer sem apreciar a bela paisagem do enfrentamento sincero. Corra de todos os problemas alheios e, pode ter certeza, a vida não terá pena de cobrar suas culpas. O determinismo é uma praga e a covardia seu filho único. As outras desgraças humanas são todas seus descendentes.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Divindade

O que é Deus? Onde está Deus? Segundo alguns autores, Deus está morto. O matamos. Outros grandes pensadores dizem que foram nós, homens, quem fizemos Deus. Mas Deus está no pensamento humano. O pensamento é Deus. Se o pensamento é Deus, e isso é condição pra nossa existência, então somos deuses. Se a condição de nossa existência não é o pensamento, se nossa existência condiciona o pensamento, então continuamos a ser deuses. Considerar que nascemos com idéias que representam verdades absolutas pode ser arriscado.

A razão nos leva exatamente a um local onde Deus é e está. Está em nós e em nenhum outro lugar. Deus sou eu e você e nenhuma outra pessoa ou ente. Eu fiz Deus à minha imagem e semelhança e não ao contrário. O homem pode se libertar dos grilhões onde ele mesmo se prendeu. A compreensão de liberdade tem que avançar até o ponto em que Deus não mais seja um ente externo ao homem e sim o próprio homem. O mesmo homem que cria é o que destrói. O mesmo homem que ama é o que odeia. O homem é o réu e o juiz. Segundo os conceitos próprios de cada um, o homem deve ser capaz de perceber seus limites e os do outro.

O conhecimento sobre o as coisas deste e de outros mundos não pode torná-lo escravo de seus medos. O medo nesse processo se auto extinguirá, pois o desconhecido obscurece mentes e corações humanos. Será que nosso Deus não quer que conheçamos? Estamos proibidos de investigar o que nos intriga? Não podemos buscar soluções para nossos problemas porque Deus não permite? Deus!!! Deus quer que busquemos sim. Porque somos deuses. Porque nos permitimos viver conforme nossas próprias leis.

E que leis são essas?

Leis que não nos privem de nada. Leis que não escravizem mentes. Leis que libertem, finalmente, o homem da servidão imposta por ele mesmo, e sempre creditada a Deus. O céu e o inferno está longe e perto, sutil e saliente, dentro e fora, animado e inanimado. Céu e inferno são extremos da mesma coisa que se juntam ao final. Céu e inferno são justificativas humanas para culpar o homem de um crime que é divino e também para imputar aos "puros de coração" todas as virtudes sub-divinas que o homem não "possui".

Extingamos tais conceitos de nossa vida, pois eles apenas nos seguram num estágio que obrigatoriamente temos que ultrapassar. Temos que sair das trevas. Temos que nos tornar deuses. Ao encontrarmos Deus em nós mesmos, estaremos finalmente alcançando o objetivo de todas as religiões. Saberemos quem somos.

Ousaremos nos permitir viver sem culpas. Colocaremos nós mesmos como prioridade da vida, sabendo que nós não somos mais indivíduo. A preocupação comigo já não terá validade se ao meu lado alguém sofrer. Se ao meu redor alguém ainda não tiver alcançado tal estagio de compreensão, também eu não terei chegado. Assim, caminhemos rumo ao desconhecido sem medos e superstições. Sem trégua. Sem pausa. A vida nos reserva grandes surpresas e vamos estar preparados. Nossa existência será justificada pelos nosso atos e julgadas pelo grandioso juiz: nossa própria consciência. Se permitirmos, podemos voar. Podemos ser. E sendo, fazemos com que nosso pensamento se volte para o que somos. É um caminho sem volta. Talvez ainda tenhamos que passar por muito fogo e este é o elemento que tudo pode. Destrói, mas de suas cinzas brotam vidas novas. Novo homem. Novo Deus. Realidade diferente.


SILVA, Edmilson R. Textos Sobre Assuntos Aleatórios, Mas Sem Importância Alguma. Edição Única. Kaloré: Liberdade, 2010.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Todos aqueles

Aquele que sofre calado
Aquele que chora de dor
Aquele que é injustiçado

Naquelas crianças o pavor
Personagens da distração divina
Protaganizam sua própria sina

Homens que são desamor
Mulheres querendo amor
Homens que buscam o caos
Mulheres que não querem paz

Objetos do descanso divino
Resuldados, declínio 

Querem nos fazer acreditar
Isso não é e nunca foi verdade
Só faz parte da nossa vocação
A injustiça é nossa criação

Aquele que se liberta
Aquele que compreende
Aquele que não se exclui
Aquele que não aceita

Todos aqueles são
Personagens da liberdade humana
Protagonizam sua própria história

Ponto final de partida

Enquanto está aí olhando para o tempo que ainda te resta, vários pensamentos gravitam no infinito confuso de sua mente. O que você está fazendo ou o que fez da sua vida? Sua vontade, se é que você pode definir dessa forma um sentimento que não pode explicar, de fugir e largar tudo para trás é uma idéia que martela com insistência permanente sua cabeça e isso te incomoda bastante, pois mostra escancaradamente a você mesmo a insuficiência, incompetência e a covardia que carrega desde quando começou a refletir sobre esse tema.
Você nunca sabe o que é correto fazer, permanece quieto e parado apenas olhando a vida passar e não consegue deixar essa tristeza ir embora, se agarrando cada vez mais forte num silêncio disfarçado nas palavras, muitas vezes incautas, que saem de sua boca.
Tem muito a perder com qualquer decisão que tome no sentido de transformar sua monótona rotina. Mas o que tanto você pode perder? Família? Casa, carro, emprego, amigos? Você não deveria utilizar esses critérios já que nada é realmente seu, a não ser a sua própria essência, e pode ser perigoso quando refletir sobre a vida que tem e aquela que acha que gostaria de ter.
Quando a morte irá te visitar? Ninguém poderá responder, mas isso também é um pensamento que te ocorre com bastante freqüência. Às vezes você tem um falso pressentimento de que chegou a hora e que finalmente irá apagar suas luzes, mas nunca acontece. Isso apenas faz parte de suas loucuras irreais.
Não adianta ficar se perguntando sobre o que será a morte? Será pior do que a vida? Existe morte?  Boas perguntas, assim como todos os outros questionamentos que movimentaram e movimentam o mundo até hoje.
Você tem pressa e busca a morte como se deseja uma bela mulher, porém não tem coragem de se entregar a ela. Prefere envelhecer vagarosamente, e esse vagar é penoso e difícil, à se atirar nos seus braços. Mesmo assim, morrer é o único fato, fator e ou coisa que você não pode desafiar com o peso inútil das suas frouxas palavras.
A grande viagem, a mais esperada por todos, o grande encontro com a divindade, parece a você apenas o ponto final. Você não consegue ou lhe soa bastante imperfeito crer nesses, tão em voga, esoterismos populares, mas acredita na justiça da moral, acredita naquilo que o homem é, acredita naquilo que o transformou e principalmente crê no homem como guia absoluto de suas próprias escolhas.
Dessa forma, fazendo suas malditas escolhas é que busca incessantemente aprender a viver, para que possa um dia compreender os motivos de estar vivo e de ser humano, mesmo sem saber os critérios adotados para que você não tivesse nascido um outro animal qualquer, porém muito mais nobre do que você é agora.
Não consegue fugir, não consegue parar de delirar na imensidão da irrealidade, onde finalmente consegue se despir daquilo que fizeram de você e voltar a ser você mesmo, com todos os seus pecados, todos os seus defeitos e sem nenhuma virtude.
É nessa irrealidade ou realidade ideal para você, que alcança a paz silenciosa e noturna que somente atingiria quando chegasse ao ponto final de partida.

Pedras

Nas margens do rio aquelas pedras permanecem durante muito tempo. Lisas, redondas são aquelas menores que sempre estão em movimento. Mas nas margens dos rios permanecem apenas as maiores, que a força da água não consegue mudar de lugar e são essas que estão completamente revestidas de matéria orgânica, algas e outras coisas. Você é pedra lisa e redonda ou é das maiores inertes nas margens dos rios? De tanto rolar rio abaixo, muitas vezes o que era uma grande pedra acaba por se torna pequena. E cada vez menor se torna, chega até o total desaparecimento. Talvez e somente talvez essa pedra possa morrer feliz por ao menos ter conhecido uma parte do grande rio onde vivia e isso tenha trazido boas e más experiências. Em alguns casos podem ter sido mais más do que boas e em outros, mais boas do que más, mas em todo caso foi uma vida em movimento, ação contínua e paisagens diferentes. 

Dúvidas?

O trabalho é um privilégio ou é uma tortura?
Os filhos são dádivas?
O amor é para sempre?
E se não for?
Falando de amor, ele existe mesmo?
O sonhos não pagam imposto?
Somente os impostos são impostos?
A vida é curta ou longa?
A noite é escura?
O dia é claro?
A terra gira em torno do sol?
Por que?
Existe vida depois da morte?
Jesus cristo era humano ou divino?
Qual é a verdadeira função da igreja?
Você é contra o aborto?
O que acha de clonar você mesmo?
A fé move montanhas?
Quem tem boca chega a algum lugar?
Todos os caminhos levam ao paraíso?
E no inferno, você acredita?
Quem será salvo?
Ter ou ser, qual é a diferença?
Você prefere ser ou ter?
Qual é a utilidade do microondas?
 E o celular, como você usa?
Pra que trocentos canais de televisão?
Qual é o motivo de tantos times de futebol?
Será que não existem modalidades esportivas demais?
As músicas que você ouve são originais?
Sete notas musicais, sete dias da semana, sete cores do arco-íris, será que tem alguma ligação?
O que é esoterismo?
O que é ciência?
Pra que história, matemática, português ou física?
Onde estão os profetas?
Cadê as verdades?
Quem nunca ouviu mentiras?
Por que tantas promessas?
Por que tanta fome?
Por que tanta miséria?
Por que tanta morte?
Você acredita na justiça?
Acredita na injustiça?
Você é bom ou mau?
E tem onde dormir?
Você já almoçou hoje?
Salmão ou caviar, o que foi?
Banana?
O que foi feito dos seus ideais?
Você nunca foi idealista?
Existe corrupção?
Mensalão?
Dinheiro na cueca, na mala ou na meia?
Quem serão os candidatos?
Aquele bom rapaz?
Talvez o bom agricultor?
Um senador?
Um prefeito?
E o professor?
Como fica nessa história?
E os alunos?
Terão finalmente educação?
E no hospital?
Quando será atendido?
Quando morrer?
Terá um caixão?
Ou será direto no chão?
Terá uma grande lápide?
Ou só um monte de terra?
De onde viemos?
Pra onde iremos?
Deus existe mesmo ou é invenção humana?
Acredita ou não no aquecimento global?
E a globalização, fato ou boato?
E o holocausto?
E a viagem à lua?
Evoluímos do macaco?
Ou somos filhos de adão?
E a Internet?
Dúvidas?