quarta-feira, 29 de julho de 2009

Extinção

Da pequena escotilha de sua nave de reconhecimento ele podia ver o resultado da última desgraça humana. Em todas as cidades sobrevoadas haviam poucas pessoas vivas e essas estavam entregues à própria sorte, já que não restara ninguém pra poder socorrê-las. Era questão de tempo agora, mais alguns dias e tudo estaria acabado.

Tudo começou com um simples vírus. Uma doença simples, de sintomas aparentemente insignificantes, mas que a longo prazo causaria o fim da civilização humana.

Os homens ao primeiro contato com a ameaça não conseguiram prever os resultados a longo prazo e na verdade era impossível prever, já que o vírus tinha uma capacidade tremenda de adaptação. Essa extrema facilidade de adaptar-se ao meio é que confundiu os cientistas na busca por uma cura eficaz. O vírus mutava-se e transformava-se conforme o meio onde era disseminado.

No início de tudo ele ainda não era mortal, pois ainda precisava de muito tempo até que encontrasse a combinação exata necessária para a formação do estágio final, onde os resultados seriam irreversíveis para a humanidade. Durante muito tempo a humanidade conseguir driblar os malefícios advindos do vírus. Inventaram remédios e vacinas que apenas adiaram o fim catastrófico da espécie humana.

Mas o homem, bem intencionado ou não, acidentalmente ou não, acelerou o estágio final do vírus, manipulando-o em laboratório e provocando a mutação que o tornaria imune aos remédios humanos.

Depois da primeira pessoa infectada com a nova e poderosa versão daquele vírus tão conhecido entre nós, sua disseminação foi muito rápida. A primeira pessoa infectada infectou mais uma e assim numa sucessão interminável a doença espalhou-se pelo planeta de maneira inacreditável. A população no país de origem foi dizimada num prazo de apenas 8 meses. O restante do continente teve um prazo pouco maior, mas não passou de 1 ano. Com essa velocidade assombrosa a população da terra estaria extinta em apenas 3 anos.

E foi assim que aconteceu. Todos os esforços foram em vão pra tentar descobrir uma vacina. Quando achavam que tinham descoberto, a população comemorava com grande euforia a salvação, que estaria próxima. Mas com a vacina, a doença a princípio recuava pra depois retornar com força redobrada, devorando vidas com voracidade.

Muitos países tentaram se isolar, fechar suas fronteiras, impedir vôos internacionais, mas nada pode impedir a disseminação do vírus. Cidades inteiras foram fechadas militarmente na tentativa inútil de conter o foco. Muitas outras cidades foram destruídas pelas nossas próprias bombas atômicas com objetivo de assim matar também o vírus maldito. Cidades inteiras, com toda a sua população , morta sem piedade.

Nas grandes cidades do planeta o caos imperava. A violência antes contida através da repressão policial, agora estava totalmente liberada, pois a sensação de morte pairava no ar e ninguém mais tinha medo de nada.

Assim, caminhamos para o nosso fim. Inocentemente achando que a natureza havia nos pregado uma peça. Uns acreditando que era o juízo final e que Deus estaria recolhendo os justos para uma recompensa, outros se culpando por não ter cuidado do planeta como ele merecia e que tudo aquilo era castigo da natureza.

O fato é que de nada adiantou todos os esforços humanos. Fomos dizimados. Extintos. Mortos como cobaias.

O planeta será melhor sem a nossa espécie se multiplicando livremente. Nós dependíamos do planeta e não conseguíamos compreender isso, mas o planeta nunca dependeu de nós para sobreviver.

Tudo irá voltar ao normal sem a nossa presença e quem sabe daqui a milhares de anos não estejamos novamente entre os animais dessa natureza agora renovada. E com certeza o destruiremos novamente com nossa fome e sede insaciáveis. Com nossos esgotos. Com o nosso lixo. Com nossos automóveis e com a nossa ambição e novamente ser extintos num ciclo interminável de erros que nunca são admitidos.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Sela e espora

Em espora de cavalo selado
Tem gente gemendo lá
Gente não é cavalo selado
Pra espora o couro riscá
Gente tem boca pra falá
Boca que pode berrá
Berra sob o cavaleiro
Pra espora nunca mais usá
Se nada disso adiantá
E a espora continuá
Riscando o cavalo selado
Gente pode corcoveá
Tirando os pé do chão
E o cavaleiro derribá
Tudo pode acontecê
Pra gente sobrevivê
Com cavaleiro por cima
Gente sem sabê porque
Mas se tivé corage, sô
Joga tudo por terra
E o cavalo perde o sinhô
Sem espora na barriga
Sem aperto na costela
Carga e chicote nas costa
Nunca mais se aprovô
Gente livre qué vivê
Sem sela e espora
Nem dotô pra obedecê