terça-feira, 17 de maio de 2016

Pela DEMOCRACIA

Não sou contra o golpe por que sou cego, surdo e mudo para os mal feitos do atual governo. 
Não é só pelo programa Minha Casa Minha Vida. 
Não é só pelas inúmeras vagas universitárias criadas. 
Não é só pelo ENEM, PROUNI e SISU.
Não sou contra o golpe por que sou petista.
Não sou contra o golpe por que recebo benefício do governo federal. 
Não sou contra o golpe por que me escandalizei com as falas dos nossos deputados no dia 17/04. 
Não é só pela CULTURA que se esvai com a extinção do MinC. 
Não é apenas pelas cisternas construídas no nordeste. 
Não é apenas pelos direitos trabalhistas garantidos. 
Não é só pelo Luz para Todos. 
Não é só pelo PRONATEC. 
Não é só pela lei do Piso dos Professores e dos direitos das empregadas domésticas. 
Não é só pelo debate sobre as questões de gênero nas escolas. 
Não é só pela consciência da luta de classes. 
Não é apenas pela demarcação das terras das nações indígenas e dos remanescentes de quilombolas. 
Não é só pela livre organização dos estudantes e trabalhadores. 
Não é só pela paridade de gênero em todos os espaços da sociedade brasileira e inclusive na política. 
Não é apenas pelo respeito ao estado laico. 
Não é só pelo investimento do dinheiro do pré-sal em saúde e educação. 
Não é apenas pela taxação das grandes fortunas. 
Não é apenas pela reforma agrária, tão necessária à produção de alimentos, para que haja finalmente justiça no campo. 
Não é só pela desmilitarização da polícia. 
Não é apenas pela realização de uma constituinte exclusiva e soberana para alterar definitivamente, pra melhor, o nosso falido sistema político. 
Não é só pela extinção do senado federal. 
Não é só por que sou contra a corrupção representada por Temer e seus asseclas. 
Não é só por que não acredito que o Sérgio Moro represente de fato a caça aos corruptos. 
Não é só por que há 7 ministros indiciados na Operação Lava a Jato.
Não é apenas por que creio, cegamente, que a grande mídia no geral, e a globo no específico, manipula a opinião pública convenientemente. 

Não, senhoras e senhores. 

Não é só por esses motivos citados que sou contra o famigerado impeachment.

O motivo real é outro.

É só pela DEMOCRACIA!!

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Indigne-se

Não sei exatamente como iniciar esse texto, mas gostaria de falar sobre indignação. Mais especificamente, sobre a falta, a ausência de indignação. O Brasil, com a atual conjuntura política, vive um momento muito turbulento. Poderíamos enumerar muitos aspectos para ilustrar a nossa situação. Mas nos atenhamos à quebra total e despudorada da nossa já tão frágil e recente democracia, aos grandes riscos que isso significa e principalmente à promessa que se apresenta como alternativa para tirar o país do caos econômico em que se enfiou com os anos de desgoverno, segundo os golpistas e demais cúmplices travestidos de patriotas, do PT. Que alternativa é essa afinal? Temer e os sete anões de posse do documento norteador deste governo iniciam o que as esquerdas já apelidaram de muitas coisas. Ponte para o inferno, ponte para o passado, pinguela para o abismo, pinguela para a morte, enfim... os adjetivos são muitos na tentativa de demonstrar o quanto este documento é perigoso para a população brasileira, especificamente para a classe operária.
Não tenho a intenção de esgotar o tema, mas gostaria de contribuir com algumas reflexões sobre o perigo que nos ronda e que não tem conseguido despertar a indignação do povo. Olho para os meus companheiros de trabalho e não consigo enxergar neles a necessária indignação, aquela explosiva e revolucionária, capaz de colocá-los novamente nas ruas pra protestar pelos seus direitos, que estão prestes a serem destruídos.
Tentarei ser didático o suficiente pra que haja a compreensão dos poucos que lerão esse texto e não vou destrinchar o documento inteiro, me aterei apenas a alguns pontos mais cruciais para a nossa vida e que virão a galope com o governo golpista.

São eles:

1 - O fim da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e os Planos de Carreira
A direita brasileira vem a décadas combatendo a CLT e pregando aos quatro ventos que é preciso flexibilizar as leis do trabalho com o único objetivo, muitas vezes escamoteado, de que a CLT engessa a geração de empregos e as iniciativas empreendedoras. Na verdade esse discurso mal disfarça a sede e a fome da classe empresarial brasileira por maiores lucros e isso só se dá se sucatearmos as relações de trabalho ao acabarmos com as leis e dificultar a existência dos sindicatos. Esses empresários já berram há muitos anos sobre o negociado sobre o legislado. Na prática isso significa que as negociações coletivas sobreporão o teor das leis trabalhistas. Atualmente isso já é possível, a diferença é que a lei somente poderá ser desconsiderada se a negociação for mais vantajosa para a categoria em questão. Esse dispositivo deverá ser extinto com o fim da CLT. No caso da educação, nós teremos nosso plano de carreira destruído num curto espaço de tempo.

2. Previdência
Serei direto neste ponto. A proposta é que as mulheres se aposentem com 60 anos e os homens com 65 e também prevê o fim da indexação de todos os benefícios previdenciários com o salário mínimo. Oras, as aposentadorias, bem sabemos, que em muitos casos já não suprem todas as necessidades dos beneficiários, imaginem se os reajustes não forem pelo salário mínimo? Teríamos um achatamento desses valores que prejudicaria a qualidade de vida das pessoas.

3. Fim da política de valorização do salário mínimo
Nos últimos 10 anos com essa política tivemos um aumento real no salário mínimo de 76,5%. Esse índice foi de AUMENTO REAL, assim mesmo, em caixa alta, pois foi esse aumento real que proporcionou o aumento do consumo das pessoas, que significou na prática mais comida na mesa, mais conforto, mais inclusão. Afinal numa sociedade capitalista é de dinheiro que estamos falando. O fim dessa política compromete e fere de morte também os aposentados citados no item anterior.

4. Precarização da legislação ambiental
O Brasil tem em suas mãos uma das mais exuberantes naturezas do planeta. As leis ambientais atuais já são insuficientes para conter a ânsia por lucro dos nossos amados latifundiários do agronegócio. O atual código florestal, por exemplo, já é fruto do acordo conveniente do agronegócio com os políticos que eles financiam no congresso nacional. Essa mesma trupe de exploradores querem a flexibilização das leis bem como o sucateamento das instituições que fazem o pouco controle que temos das irregularidades cometidas por essa turma. Sem falar que quase todo o trabalho escravo, essa vergonha nacional, que ainda temos em nosso território é feito pelas mãos dos mesmos latifundiários que dominam uma grande fatia da política brasileira.

5. Fim das vinculações orçamentárias obrigatórias para saúde e educação
Atualmente no Brasil há um mínimo de investimento, estabelecido na legislação, para saúde e educação. Uma porcentagem do orçamento que deve financiar a saúde e a educação que significa que os entes federados (municípios, estados e união) são obrigados a gastar aquele dinheiro nessas duas áreas. O dinheiro carimbado, pra esse fim, deveria garantir a maior eficácia nos gastos e na maior qualidade dos serviços prestados ao cidadão. Mesmo com essa vinculação, com esse mínimo, o que vemos já é um desgoverno com a saúde e a educação. No caso da educação, especificamente, no estado do Paraná já temos e vivemos escândalos atrás de escândalos e notadamente agora por último a Operação Quadro Negro tem investigado desvios milionários na construção de novas escolas no Estado. Aí eu pergunto, e se retirássemos esse "carimbo", o que aconteceria? Os gestores, de modo geral alegam que o tal "carimbo" engessa a administração, mas essa esse suposto engessamento não tem impedido nossos honestos governantes de surrupiarem o dinheiro dos cidadãos.

6. Privatizações
Aqui temos um grande problema. Nos anos 1990 já tivemos uma péssima experiência nesse campo e, sinceramente, não gostaria de reviver. Naquele período entregamos valioso capital estatal à iniciativa privada a preço de banana, literalmente. As empresas estatais são financiadas pelo dinheiro público, do contribuinte integralmente. Essas empresas investem bilhões em pesquisa e desenvolvimento para tornarem-se de interesse estratégico de qualquer país sério e comprometido com o seu povo. FHC entregou tudo de bandeja para o capital internacional, com foco expressivo no caso da Vale do Rio Doce (esse era o nome à época) sob a justificativa de que o estado não tinha competência pra gerir tal empresa. Oras, o desastre de Mariana hà poucos meses é obra da competência da Vale (esse é o nome atual)? A Ponte para o Futuro de Temer prevê a privatização do que restou. Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Petrobrás e etc. A Petrobrás já vem sofrendo o mesmo processo de desmonte midiático sofrido pela Vale do Rio doce e é provável que já haja os possíveis compradores. Afinal, o golpe foi uma compra de porteiras fechadas não é mesmo?

Acho que 6 pontos já são mais que suficientes por hoje. Leiam, duvidem, investiguem, pesquise, busque informações mais aprofundadas sobre esses temas. Não fique repetindo feito idiota o que a grande mídia brasileira tem dito pra você acreditar. Entre no site do PMDB, aqui, baixe a Ponte para o Futuro, aqui, leia, releia e tire suas próprias conclusões. Mas faça um favor a sí mesmo: indigne-se, demonstre um pouco de insatisfação. A vida não é bela e é preciso lutar pra manter o que temos, conquistado a muito custo. Não é feio se arrepender e se for o caso arrependa-se de ter vestido a camisa da CBF e ido às ruas gritar "Fora Dilma". Ainda dá tempo de reverter, mas pra isso você precisará acordar do transe em que se encontra.

Indigne-se!!

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Golpe e Azar

O azar da nação brasileira não será concretizado numa sexta-feira 13. Qualquer acontecimento na próxima sexta-feira 13 será bem vindo perto do que estamos vivendo nos últimos dias, semanas e meses. O desfecho que se deu hoje às 06:34 da manhã não é ainda definitivo apenas por uma questão de tempo, mas também não é resultado de um processo de impedimento puro e simples, por acusação de crimes de responsabilidade da presidenta da república com os famigerados decretos presidenciais não autorizados pelo congresso. Há que se constatar que tivemos nesses últimos 14 anos apenas um lapso da hegemonia da direita brasileira, da elite nacional. Foram 502 anos da pior elite mundial no comando de um país. Uma gente que jamais admitiu e jamais admitirá que a classe operária brasileira alcance direitos que façam com que questionem os privilégios, de castas, estabelecido ao longo dos cinco séculos de dominação elitista. 

Não há azar maior no mundo que nascer em um país com uma elite dessa iguala. Nenhuma sexta-feira 13, por pior que ela seja, pode suplantar tal azar. Os políticos de plantão, que representam a nacão brasileira, são reflexo fiel de uma sociedade que aprendeu, ao longo do tempo, a ser medíocre, hipócrita, egoísta, demagoga, esnobe. A meritocracia é a alma dos negócios do nosso povo. Fez por merecer, merece, não fez, foda-se. Não há injustiça social, decorrente da estrita falta de oportunidade, que faça esses arautos da ética olhar para a base da pirâmide. Não existe meios de fazer essa turma entender que quando não há oportunidades iguais não pode haver mérito no esforço individual.

Um país que consegue, em pouco mais de 120 anos de república, viver raros espasmos democráticos, não pode ser levado a sério. A mídia estrangeira tem acertado em cheio nesse ponto. Nosso país vive de golpes, nossa frágil democracia é forjada e temperada a ferro frio de golpes. Em cada dia 15 de novembro comemoramos a proclamação da república que na verdade foi o primeiro golpe de estado brasileiro. Em 1930 mais um golpe de estado, quando o então presidente Washington Luiz foi deposto por militares, que na sequencia entregaram o poder a Getúlio Vargas. Em 1938 o Plano Cohen fez mais uma vez com que o Golpe entrasse em cena e então dá-se início ao Estado Novo, contando com o medo que o povo tinha do fantasma "comunista". Em 1954 o Golpe tem a cara e a voz do lacerdismo incendiando o país e o primeiro corpo de um presidente, democraticamente eleito, como resultado do golpismo. 10 anos depois, no afamado 31 de março de 1934, mais um Golpe, dessa vez resultaria em 21 anos de obscurantismo no Brasil, repressão, tortura e morte.

São muitos golpes. Em todos eles a história não perdoou aqueles que não tomaram o lado do povo. Em todos eles o povo foi o que mais sentiu e sofreu, pois ao final e ao cabo da festa, quem paga a conta é só o povo. Não vou nem citar o fato de que ao final da ditadura tivemos ainda uma lei de anistia que inocentou todos os torturadores do período, numa clara manifestação de golpe dentro do golpe, já que o Brasil é o único país que não puniu os criminosos do período. Em todos esses movimentos golpistas sempre tivemos o estrelato de uma burguesia faminta por privilégios e também a sanha do capital internacional em manter o nosso país sob controle.

Agora não é diferente. Dilma cometeu muitos erros em seu governo. Isto está bem claro pra todos nós. Mas será que se fosse homem teria sido deposto dessa forma? Não acredito. Eis o azar mais uma vez não é mesmo: nascer mulher numa sociedade altamente machista como a nossa. Azar que nada. Dilma é a única presidenta que não se acovardou e nem vai. Permanecerá de pé, honradamente, até o fim desse processo e, com certeza, entrará pra história pela coragem e altivez que só as mulheres podem ostentar quando são inocentes. Nossa primeira presidenta. 

Azar é dos pobres iludidos defendendo bandeiras que não são suas. Azar é dos pobres brasileiros que terão seus poucos direitos arrancados na mão grande. Azar é dos pobres, sempre é deles, conscientes ou não de seu papel, o azar é sempre deles em todo o processo golpista.

E o PMDB? O que dizer de um partido que nunca conseguiu ter um candidato a presidente com reais chances de se eleger, mas que já tem 3 presidentes emplacados na nossa triste república? Acho desnecessário comentar sobre o oportunismo e o golpismo deste partido e daqueles que dançam nesta ciranda!

Em um último desabafo, ainda sobre o azar, quero apontar meus dedos todos para o judiciário brasileiro. Quem faz o controle social dessa rapaziada de toga? Temos inúmeros casos de erros na ação do judiciário brasileiro ao longo da história e sabemos também qual é a origem desses dignos homens da justiça brasileira. Sabemos de onde vem e a quem servem. O judiciário brasileiro representa um muro inexpugnável e que jamais será alcançado pela classe trabalhadora. O que esperar de uma classe dessas? Nada além da omissão conveniente, aquela que trará o cumprimento de todos os seus desejos. 

Não acredito na reversão do quadro! Desculpem o realismo... Acredito na luta que faremos, no esforço monumental para a manutenção dos poucos direitos que conquistamos nesse arremedo de democracia que tivemos, mas Dilma não voltará a assumir suas funções no executivo nacional. Mais que isso, teremos um longo tempo pela frente pra emplacarmos novamente um presidente do campo da esquerda, e isso apenas se dará na falência do modelo que ora se apresenta, liderado pelo golpista Temer.

Para o azar da maioria e a "sorte" de poucos.

Que venham mais 500 anos!