sexta-feira, 28 de junho de 2013

Facechuva

Nesses dias de chuva
Saio sem bolsos e sem risos
Nos sapatos furados com restos de chão
Um chapéu, um véu

No céu todas aquelas nuvens
Na mão todos os dedos
Entre a pele e o pelo
Uma grande ferida

Entre a seda e hoje cedo
Mais um pouco de leite
Um doce de leite
Agridoce deleite

Abre a janela e vem brilhar
Seus olhos podem ver mais
O dia de chuva é só hoje
E o café ainda está quente

Entre a pele e a mente
Ainda há quem minta
Ainda há quem sinta
E ninguém vai roubar o mel

Não há como não se sujar
Na lama fétida dos seus quintais
Mácula que mancha os alvos lábios
A beijar na rua a pálida face

sábado, 22 de junho de 2013

Manifesto



A sociedade apucaranense vêm a público por meio desse manifesto informar que os pontos elencados abaixo farão parte da nossa principal pauta de reivindicação local. As manifestações que hoje tomam conta do país são retrato de um grande descontentamento da sociedade com os direcionamentos tomados pelas autoridades brasileiras, estaduais e municipais. Nesse sentido, nós não poderíamos fugir dessa responsabilidade que é contribuir para a mudança de nossa realidade. Os itens abaixo estão longe de cumprir a totalidade de nossas reivindicações, mas expressam a pauta mínima local que somada às outras, de aspecto mais geral, são sinônimos de toda a nossa indignação diante dos mandos e desmandos de nossas autoridades. Assim, esclarecemos que nossa manifestação é pacífica e ordeira com o único objetivo de mostrar para o nosso governo e para toda a sociedade que estamos atentos e antenados com os acontecimentos em todo o Brasil. Afirmamos que as manifestações só se encerrarão quando tivermos algum apontamento de negociação para a busca de uma solução coletiva para essas reivindicações. Não aceitaremos intimidação, pressão ou violência. Esses atos serão revidados com flores e poemas, mas também com mais e mais críticas e revolta. Convidamos toda a sociedade para que se levantem e engrossem nossas fileiras para um gesto nobre de defesa da nossa própria comunidade.

As reivindicações são as seguintes:

1 – Cassação definitiva do Alcides Ramos. Nenhum político condenado e envolvido em corrupção deve ter o direito de voltar para a câmara municipal. A sociedade apucaranense não pode aceitar passivamente a impunidade servindo de exemplo para a nossa juventude. Somos contra todos políticos que usam dos recursos públicos para beneficiamento próprio ou de velhos amigos e por isso defendemos que todos os gastos dos políticos sempre estejam aberto e de acesso fácil para qualquer cidadão brasileiro através de ferramenta online a ser criada pelo poder público.

2- Apresentação de um plano exequível, com prazos e valores, para solucionar situação precária dos CMEIS de Apucarana, com a superlotação e a falta de estrutura física para atendimento das nossas crianças com qualidade. Oferecer transporte gratuíto para as crianças que necessitarem se locomover para essas escolas.

3- Aparelhamento e efetivação definitiva do Hospital do Coração: de forma imediata, e abertura de uma CPI para esclarecimento e possível punição, se for o caso, do porque o hospital não estar aberto até hoje, abertura de todas as contas gastas no projeto, assim como contratação de mais Médicos para um atendimento rápido e eficiente da população.

4 – Revisão dos contratos celebrados entre a prefeitura e a iniciativa privada, para que estes se enquadrem no princípio da transparência e do controle social. Para isso deverá ser criado um Fórum Municipal de Controle Social com participação paritária da sociedade, de caráter fiscalizador de tais contratos.

5 - Rediscussão sobre o ensino integral em Apucarana tendo em vista a qualidade do ensino ofertado nessa modalidade à partir do foco pedagógico.

6- Melhoria no atendimento do UPA e dos postos de saúde de todos os bairros. Melhoramento da estrutura assim como a contratação de novos profissionais, via concurso público. Diminuição dos cargos comissionados, e abertura de concursos.

7 - Plano para recape asfáltico das ruas de Apucarana, com cronograma detalhado de início e fim das obras, com prioridade total para as vias em pior estado de conservação de todas os bairros da cidade.

Diante das reivindicações apresentadas esperamos que nossas autoridades políticas compreendam que somos o povo lutando pelo povo e ao compreenderem nossos objetivos entendam também que são tão povo quanto nós e que só são autoridades nesse momento porque permitimos num processo eleitoral de escolha democrática e é com esse espírito democrático que estamos reunidos para lutar por essas e muitas outras causas que surgirão. Esperamos, com esse ato, demonstrar que não mais nos enganarão. Não aceitaremos migalhas. Não aceitaremos menos do que exigimos.




Somos tod@s Apucarana

Tod@s somos Brasileiros

quarta-feira, 12 de junho de 2013

De perdição

Me perdi nos seios seus
me senti o mais de todos
de todo o mundo
e assim te esperei
o tempo todo
chegara agora
e em boa hora
foste embora
bem na hora
que o amor
aquele velho nosso conhecido
se aproximava
enquanto chegava
tu se afastava
não falava
mas ia, ia, ia
foi sem mim e
não voltou assim
que bom que também
fechaste a porta
e todas as janelas
uma última espiadela
na fresta da cortina
você me deixou
parado no portão do inferno
olhando pro nada
e o amor... ah
esse nem sei mais quem é
nem de onde vem
o que importa mesmo
é que um dia
me perdi no doce dos seus seios!!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Fotografia

Não sei porque as fotografias estão todas amareladas de poeira.
Todas amareladas de água suja que escorria pela sarjeta.
Amarelas com os raios dos sóis que um dia desenhamos em folhas de papel.
Mas as fotos são minhas e todos os objetos nelas são meus.
Envelhecidos de tempos que passaram no tempo do disparo.
Eternizados com todos os tempos que amarelam coisas.
Os prédios, as moças todas, as ruas e as flores de plástico.
As lápides, as frases, as velas e todas as angústias das lágrimas.
Estampam as imagens que hoje vieram a mim, só a mim.
E mais ninguém poderá tomar o que é meu.
Eu pintei com as cores dos meus olhos e mente.
Poeira fina, bem fina ofuscando a luz.
Peneira que filtra as verdades por trás da câmera.
Afinal, quem constrói todas as ideias que se tornarão imagens?
Deixe que as fotos se envelheçam no amarelar dos tempos.
Mas, apesar dos ventos, não se deixe levar pela suave canção do envelhecimento.