sexta-feira, 4 de julho de 2008

O fim! Quando?

Quando todos tiverem sonhos bons. Quando a vida por trás dos objetos puder ser notada. Quando os caminhos forem facilmente trilhados. Quando as esperas não se tornarem opressoras. Quando os amores vividos não mais puderem atormentar. Quando as tormentas passarem depressa. Quando os ódios sentidos se direcionarem apenas às injustiças. Quando o homem puder conviver em paz com o diferente. Quando o diferente se tornar igual. Quando pudermos ser respeitados do jeito que somos. Quando as lembranças das tristezas vividas forem guardadas a sete chaves. Quando pudermos resgatar o melhor de nós. Quando existir a partilha. Quando não houver mais nada de ninguém. Quando as crianças puderem sorrir livremente. Quando a liberdade deixar de ser sonho. Quando todos participarem. Quando os pais compreenderem seu papel. Quando os filhos derem valor aos pais que têm. Quando mulheres e homens se realizarem. Quando as árvores cortadas criminosamente deixem de nos assombrar. Quando os animais, finalmente, tiverem onde se esconder. Quando as florestas não estiverem mais ameaçadas. Quando os índios puderem viver dignamente. Quando as favelas se tornarem-se livres dos traficantes. Quando a guerra entre os homens não for feita sob nenhuma justificativa. Quando pudermos nos livrar do petróleo. Quando a hipocrisia for uma palavra impronunciável. Quando a corrupção deixar de rondar sobre nossas cabeças. Quando a geografia não mais separar povos irmãos. Quando a religião deixar de escravizar deuses. Quando o nosso gosto pelo samba tenha o mesmo valor que o rock. Quando não tivermos mais vontade de comer mc fritas. Quando os golfinhos forem mensageiros da paz nos oceanos. Quando as bombas nucleares forem desativadas. Quando nossa tecnologia estiver voltada para o bem. Quando as imagens que vemos não nos enganarem. Quando as nossas amizades forem verdadeiras. Quando não houver mais frio nem fome. Quando não houver mais oprimidos e opressores. Quando não existir mais cercas e barreiras. Quando as vítimas das guerras forem lembras com vergonha. Quando os políticos ladrões forem colocados na cadeia. Quando as oportunidades forem iguais pra todos. Quando alcançarmos o improvável. Quando os homens ouvirem mais com o coração do que com os ouvidos. Quando a humanidade ficar sempre de prontidão e atenta. Quando a escravidão for abolida finalmente. Quando as letras formarem apenas palavras de paz. Quando o responsável pelas mazelas humanas não for o diabo nem o destino. Quando o mundo perceber que pode mudar e que pode dar tempo. Quando o mundo perceber que não há mais o que fazer.

Será tarde demais.

Será o fim.

SILVA, Edmilson R. Textos Sobre Assuntos Aleatórios, Mas Sem Importância Alguma. Edição Única. Kaloré: Liberdade, 2008.

Nenhum comentário: