quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Pré Conceito


A vida em uma pequena cidade do interior é realmente surpreendente. Em grande cidades também acontece. Cada dia encontramos, surpresos, coisas que nos fazem refletir sobre questões bastantes complexas, que mexem e interferem diretamente naquilo que somos e que por sua vez interferem indiretamente naqueles comportamentos que, muitas vezes, execramos, mas que involuntariamente acabamos por adotar.
O preconceito, ou seja, os juizos que formamos antecipadamente é algo que as pessoas insistem em afirmar e reafirmar que não existe. Mas é um conceito que escorre como areia entre os dedos, quando se trata da realidade, e esta muitas vezes coloca o sujeito diante de si mesmo como vilão, mesmo sem ele perceber.
Poderia ser mais simples, se admitíssemos que não gostamos do diferente, pois ele não pertence ao mesmo círculo social, não mora numa casa que mereça esse nome, seus filhos não vestem roupa e nem calçam tênis de marca, não tem os melhores brinquedos. Mas isso jamais vai ser admitido, pois a verdade é muito dolorosa para dizer, e ninguém tem coragem de encará-la.
É por isso que em nosso podemos facilmente perceber a exclusão social tão claramente, porque as pessoas negam aquilo que sentem e justificam isso com a afirmação de que são totalmente contrárias ao preconceito.
Mas ele existe, está aí, escancarado em nossas caras. Não há como negar. Quando acabar de ler este texto, levante-se, vá até um espelho próximo e converse com você mesmo, abertamente, sem censura e sem medo, tente arrancar de você a verdade, seus mais profundos sentimentos, coloque pra fora. Verá que todos temos medo do diferente, exatamente por não conhecermos. Mas faça isso sozinho e se for falar em voz alta, procure sussurrar, pois se não você será pego admitindo que é preconceituoso.

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