segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Brasil

Descoberto há mais de 500 anos, país maravilhoso, localizado no hemisfério sul do planeta azul. Dizem que os primeiros que por aqui chegaram eram de uma grandiosa geração de desbravadores nascida às margens do oceano atlântico, num pequeno, porém grande, país chamado Portugal. Povo tenaz, lançaram-se ao mar sem a menor pretensão de descobrir um tão belo e lucrativo país. E deu-se o milagre. E deve ter sido milagre mesmo, não havia nação que se igualasse em fervor religioso como aquele.

Comenta-se muito por aí que a frota com esses valorosos senhores se perdeu no meio do Atlântico e veio dar exatamente na costa brasileira. Mas comenta-se também que essa versão da história é inverídica e que eles já sabiam da existência de tão maravilhoso lugar, comparado com o paraíso. Por falar em paraíso, como sabiam como era o paraíso?

Bem, aqui chegaram, ancoraram seus navios, descarregaram suas cargas e conheceram, com grata surpresa, os índios, os filhos dos índios e principalmente as filhas e mulheres dos índios. E como eles gostaram das índias!! Foi a maior festa. Festa do cabide com direito a todo mundo nú. Após as comemorações da descoberta e pra comemorar ainda mais, realizaram um ritual religioso, conhecido por missa.

E assim tudo começou. Boas intenções, planejamento, seriedade e muita verdade, com nada de ambição. Pouquíssimo tempo depois esses interessantíssimos portugueses descobriram no meio da infinita floresta uma árvore que podia ser utilizada para fabricação de corantes para tingir as vestes das nobrezas mundo afora. Ganharam muito dinheiro esses pobres portugueses, sem consumir com quase nada da infindável floresta. Mas eles não foram os únicos, pois mais gente queria ganhar um dinheirinho extra com extraordinária planta.

Poderosos transformadores, os holandeses também andaram beliscando uns nacos da famosa e famigerada planta. Contra esses ladrões, os portugueses trataram logo de providenciar uma polícia marítima. Mas logo vieram também os espanhóis com os mesmos objetivos.

Rapidamente descobriram outras regiões na costa brasileira e fundaram inúmeras vilas que se transformariam nas imensas, importantes e imponentes cidades de hoje. A realeza então decidiu colonizar de maneira mais competente tão próspero território e criou as capitanias hereditárias e estas foram de suma importância para o desenvolvimento do país. A coisa deu tão certo que num pequeno espaço de tempo criaram-se inúmeras destes mecanismos de gestão democrática Brasil a fora e a dentro também. Os portugas, embalados com o sucesso do empreendimento, digo descobrimento, resolveram melhorar pra fiscalizar melhor e assim surgiram os governos gerais e dessa forma puderam finalmente descansar um pouco, pois podiam contar com gente de confiança para olhar o seu quintal.

Com tudo sobre controle, tiveram tempo de se dedicar a outras formas de conseguir mais dinheiro ainda. Resolveram iniciar um grande plantio de cana-de-açúcar, pois, segundo inúmeras pesquisas, feitas por institutos sérios, indicavam que este era o negócio do século e lá foram os portugueses aprenderem a mexer com cana. E acertaram. O mundo comprava o açúcar a peso de ouro. Porém, assim como a planta que de dava tinta, a farra do açúcar não durou muito.

Bem, nem tudo foi difícil para os descobridores, eles passaram bons pedaços para aqui se estabelecerem de maneira digna. Um desses momentos foi a união do reino da Espanha e Portugal. Esse fato só trouxe alegria aos brasileirinhos, pois agora o Brasil fazia parte realmente de um grande império econômico, militar e religioso. Quanto orgulho para a nossa gente.

Foi então que os holandeses, que já haviam provado das nossas delícias resolveram voltar e tentar algo mais efetivo. Vieram. Permaneceram por tempo suficiente para compreender que aqui não era lugar pra eles e ficaram pouco tempo a nos privilegiar com sua esplendida visita. Os portugueses comemoraram muito com a saída daquele estranho povo que fazia bico pra falar. Comemoram pensando que seu poderio militar tinha intimidado aquela gentinha esquisita. Pensam até hoje que esse fato foi decisivo na expulsão dos homens de bico.

Depois que os holandeses foram embora foi necessário dar uma arrumada na casa e lá foram os portugueses, agora já com alguns brasileiros, assim eram chamados os que aqui nasciam, tratar de questões burocráticas para otimizar a administração colonial. Era necessário um batalhão de pessoas pra que todo o serviço pudesse ser feito a contento e de forma que todas as informações chegassem aos ouvidos do rei fielmente. Foi criado um aparato administrativo e burocrático, com secretários, conselhos e etc e tal que quando tudo passou a funcionar já haviam se esquecido os motivos, de tão complicado que havia ficado. Difícil demais para nossos descobridores.

Veio então a necessidade de mão-de-obra pra fazer essa imensa colônia funcionar. Dessa vez entraram em cena os temidos e destemidos bandeirantes. Esses eram um resultado medíocre da cruza entre portugueses e índios ou não. Os bandeirantes vasculharam o país atrás dos índios e conseguiram cumprir fielmente seu objetivo, pois muitas nações indígenas tiveram o privilégio e o prazer de serem dizimados, escravizados e eliminados por esses valorosos heróis nacionais, que muito contribuíram para o nosso desenvolvimento.

Seu único obstáculo eram os jesuítas, que numa relação de amizade inocente, viviam harmoniosamente com os índios em reduções que mais pareciam fortalezas. Lá dentro os padrecos catequisavam todo mundo e o índio devia achar tudo muito bonito. Todo mundo trabalhava livremente, plantando e colhendo para o bem de todos, já que os jesuítas não tinham nenhum fim lucrativo e sua única e exclusiva intenção era livrar aqueles pobres diabos dos males do cão tão presente nos seus rituais pagãos.

Tudo ia bem, o desenvolvimento se dava a olhos vistos e o dinheiro corria solto como areia no deserto. E foi exatamente nesse tempo que os corajosos desbravadores descobriram ouro na região sul do território que um dia se chamaria Brasil. Isso desencadeou uma euforia generalizada e foi uma corrida desenfreada em busca de tão precioso metal. Nesse surto da febre do ouro, foram fundadas inúmeras cidades litoral a baixo e o ouro extraído dos rios era rapidamente levado à presença do rei. Tudo aconteceu de maneira tão extraordinária que nem mesmos os portugas acreditaram, expandiram o território, conquistaram mais riquezas e escravizaram mais índios. Foi um sucesso.

Passaram-se então vários anos e os brasileiros já não andavam muito contentes com a condição imposta pelos grandes homens. Os índios já não obedeciam como antigamente. Os negros também já haviam começado a se rebelar e fugir. Mas isso era inadmissível e então as autoridades contrataram inúmeros soldados de aluguel para acabar com essa sem-vergonhice e colocar novamente a ordem no país. Tudo foi muito rápido e as mortes foram necessárias para o bem da nação. Depois de tudo efetivamente apaziguado e o marasmo novamente tomou conta dos nossos corajosos descobridores eles partiram atrás de outras fontes de renda e também continuaram com a expansão do território... ...

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