sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ponto final de partida

Enquanto está aí olhando para o tempo que ainda te resta, vários pensamentos gravitam no infinito confuso de sua mente. O que você está fazendo ou o que fez da sua vida? Sua vontade, se é que você pode definir dessa forma um sentimento que não pode explicar, de fugir e largar tudo para trás é uma idéia que martela com insistência permanente sua cabeça e isso te incomoda bastante, pois mostra escancaradamente a você mesmo a insuficiência, incompetência e a covardia que carrega desde quando começou a refletir sobre esse tema.
Você nunca sabe o que é correto fazer, permanece quieto e parado apenas olhando a vida passar e não consegue deixar essa tristeza ir embora, se agarrando cada vez mais forte num silêncio disfarçado nas palavras, muitas vezes incautas, que saem de sua boca.
Tem muito a perder com qualquer decisão que tome no sentido de transformar sua monótona rotina. Mas o que tanto você pode perder? Família? Casa, carro, emprego, amigos? Você não deveria utilizar esses critérios já que nada é realmente seu, a não ser a sua própria essência, e pode ser perigoso quando refletir sobre a vida que tem e aquela que acha que gostaria de ter.
Quando a morte irá te visitar? Ninguém poderá responder, mas isso também é um pensamento que te ocorre com bastante freqüência. Às vezes você tem um falso pressentimento de que chegou a hora e que finalmente irá apagar suas luzes, mas nunca acontece. Isso apenas faz parte de suas loucuras irreais.
Não adianta ficar se perguntando sobre o que será a morte? Será pior do que a vida? Existe morte?  Boas perguntas, assim como todos os outros questionamentos que movimentaram e movimentam o mundo até hoje.
Você tem pressa e busca a morte como se deseja uma bela mulher, porém não tem coragem de se entregar a ela. Prefere envelhecer vagarosamente, e esse vagar é penoso e difícil, à se atirar nos seus braços. Mesmo assim, morrer é o único fato, fator e ou coisa que você não pode desafiar com o peso inútil das suas frouxas palavras.
A grande viagem, a mais esperada por todos, o grande encontro com a divindade, parece a você apenas o ponto final. Você não consegue ou lhe soa bastante imperfeito crer nesses, tão em voga, esoterismos populares, mas acredita na justiça da moral, acredita naquilo que o homem é, acredita naquilo que o transformou e principalmente crê no homem como guia absoluto de suas próprias escolhas.
Dessa forma, fazendo suas malditas escolhas é que busca incessantemente aprender a viver, para que possa um dia compreender os motivos de estar vivo e de ser humano, mesmo sem saber os critérios adotados para que você não tivesse nascido um outro animal qualquer, porém muito mais nobre do que você é agora.
Não consegue fugir, não consegue parar de delirar na imensidão da irrealidade, onde finalmente consegue se despir daquilo que fizeram de você e voltar a ser você mesmo, com todos os seus pecados, todos os seus defeitos e sem nenhuma virtude.
É nessa irrealidade ou realidade ideal para você, que alcança a paz silenciosa e noturna que somente atingiria quando chegasse ao ponto final de partida.

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