sábado, 3 de abril de 2010

Terror


Quando o sol, vermelho como sangue, desapareceu no horizonte, a calma e a paz desceu à terra como um manto. Não havia vento, nem mesmo uma brisa, leve que fosse. A escuridão que estava por vir fazia com que o medo tomasse conta de todas as almas ali presentes. Ninguém falava nada, os pensamentos todos voltados à espera de algum milagre que os transportassem daquele local. Mas no fundo todos sabiam que nada ia acontecer além do mesmo terror da noite anterior. Os ruídos já haviam começado e dessa vez mais cedo, dando pra sentir o medo nas expressões das pessoas. Todos os olhares pediam perdão pelos seus pecados. Todos os gestos eram uma tentativa inútil de se defender e ninguém conseguia encarar de frente aquele destino. 
O homem mais corajoso se entregava covardemente à morte como um animal indefeso. Aumentaram os ruídos na mesma proporção em que a sala se tornou tão escura como uma noite sem lua. Um a um começaram a cair os homens, indefesos e inertes diante daquela situação, com os olhos cheios de medo, dor e arrependimentos. A noite foi tranquila como um passeio no parque com a morte cumprindo seu papel messiânico fielmente. Não sobrara uma só alma ali. Eu, que escrevo esse obscuro texto, só escrevo porque estava presente como protagonista dos fatos e tudo o que escrevi, vi em todos os olhares das pessoas que assassinei.


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