sexta-feira, 28 de junho de 2013

Facechuva

Nesses dias de chuva
Saio sem bolsos e sem risos
Nos sapatos furados com restos de chão
Um chapéu, um véu

No céu todas aquelas nuvens
Na mão todos os dedos
Entre a pele e o pelo
Uma grande ferida

Entre a seda e hoje cedo
Mais um pouco de leite
Um doce de leite
Agridoce deleite

Abre a janela e vem brilhar
Seus olhos podem ver mais
O dia de chuva é só hoje
E o café ainda está quente

Entre a pele e a mente
Ainda há quem minta
Ainda há quem sinta
E ninguém vai roubar o mel

Não há como não se sujar
Na lama fétida dos seus quintais
Mácula que mancha os alvos lábios
A beijar na rua a pálida face

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