segunda-feira, 3 de junho de 2013

Fotografia

Não sei porque as fotografias estão todas amareladas de poeira.
Todas amareladas de água suja que escorria pela sarjeta.
Amarelas com os raios dos sóis que um dia desenhamos em folhas de papel.
Mas as fotos são minhas e todos os objetos nelas são meus.
Envelhecidos de tempos que passaram no tempo do disparo.
Eternizados com todos os tempos que amarelam coisas.
Os prédios, as moças todas, as ruas e as flores de plástico.
As lápides, as frases, as velas e todas as angústias das lágrimas.
Estampam as imagens que hoje vieram a mim, só a mim.
E mais ninguém poderá tomar o que é meu.
Eu pintei com as cores dos meus olhos e mente.
Poeira fina, bem fina ofuscando a luz.
Peneira que filtra as verdades por trás da câmera.
Afinal, quem constrói todas as ideias que se tornarão imagens?
Deixe que as fotos se envelheçam no amarelar dos tempos.
Mas, apesar dos ventos, não se deixe levar pela suave canção do envelhecimento.

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