sábado, 14 de março de 2009

Dia dez

Que dia poderia ser pior do que o dia dez? Ou melhor, qual dia poderia ser melhor? Afinal, nesse dia tudo fica esclarecedoramente mais sábio. O tempo acumulado sussurra aos meus ouvidos que tudo está passando terrivelmente devagar. E tenho pressa. Estou cansado de todos os dias em que vivo uma intensa e entediante realidade. Oh tempo!! Porque tem que ser assim, tudo tão vagaroso? A felicidade tão buscada por todas as pessoas está em viver mais tempo, viver sempre mais, chegar aos oitenta, noventa ou quem sabe aos cem anos de idade. Qual será o objetivo desse desejo incessante da humanidade querer viver com tanto apego? O tempo, como nós o conhecemos, é simplesmente algo que pode ser medido com nossos inteligentes mecanismos tecnológicos. Mas o que é o tempo? Será que nosso conceito sobre o tempo não pode estar equivocado? Talvez viver cem ou trinta e cinco anos seja a mesma coisa. E não podemos acreditar que toda a sabedoria só nos concedida após atingirmos idade avançada. Querer viver tanto sem objetivo, ou apenas por medo da morte, que é desconhecida pra nós, é perda de tempo. É egoísmo. Não quero viver mais do que mereço, e como não sei quanto mereço viver, posso e tenho direito de querer viver menos tempo. Posso até desejar não passar dos sessenta anos. E se por acaso eu passar, tudo bem, não posso me culpar de ter desejado isso. Olho pela janela que o tempo me proporciona neste dia e não vejo muita coisa. Apenas anos e anos que podem ser dias ou séculos da mesma existência, da mesma inglória vida. Caminho com muita pressa de conhecer aquilo que é permitido e liberado a nós após nos despedir dessa vida. Talvez haja algo a ser conhecido, talvez não. Caso não haja nada pra se descobrir, desocupei um lugar pra outra vida, outra existência, que com certeza absoluta vai lutar com unhas e dentes pra que o dia dez demore muito tempo a chegar.

Nenhum comentário: